Ainda não foi hoje que Artur Trindade ficou a conhecer as medidas de coação que serão aplicadas pelo juiz Carlos Andrade. O ex-secretário de Estado da Energia do Governo de Passos Coelho foi constituído arguido pelo crime de corrupção passiva na passada quarta-feira, começou a ser interrogado esta sexta-feira mas a diligência ainda não foi dada como concluída.

O interrogatório começou por volta das 14h00 e terminou depois das 18h00, com uma paragem para a hora de almoço. Mas os procuradores Carlos Casimiro e Hugo Neto, titulares dos autos do caso EDP, querem fazer mais perguntas a Trindade e a nova sessão do interrogatório no Tribunal Central de Instrução Criminal ficou já marcada para o próximo dia 21 de agosto.

Só depois da conclusão do interrogatório é que o Ministério Público promoverá as medidas de coação, a defesa de Artur Trindade apresentará os seus argumentos e o juiz de instrução Carlos Alexandre decidirá.

Caso EDP. Ex-secretário de Estado Artur Trindade vai ser constituído arguido e arrisca suspensão de funções de operador do mercado ibérico

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Recorde-se que o ex-secretário de Estado é suspeito de crimes de corrupção passiva por alegadamente ter sido corrompido por António Mexia e João Manso Neto, líderes da EDP e da EDP Renováveis suspensos de funções por decisão do juiz Carlos Alexandre, para beneficiar a EDP no processo relacionado com a Contribuição Extraordinária do Setor Energético. Alegadamente terá recebido em troca a influência da EDP na nomeação para a administração do OMIP, o operador português do mercado regulamentado ibérico de eletricidade e gás natural. O pai de Artur Trindade, já falecido, terá sido igualmente nomeado pela EDP para o Comité das Autarquias da elétrica.

Como o Observador também já revelou, o facto de os procuradores Carlos Casimiro e Hugo Neto terem promovido o interrogatório judicial de Artur Trindade pode indiciar que lhe poderão ser aplicadas medidas de coação idênticas às impostas aos arguidos António Mexia e João Manso Neto: a suspensão de funções do OMIP, onde agora é o líder da entidade, e uma caução monetária. O fundamento para esse eventual pedido de suspensão de funções está diretamente ligado com a imputação de que a entrada de Trindade no OMIP terá sido influenciada pela EDP e é uma das alegadas contrapartidas pelo alegado crime de corrupção passivo.

Corrigida hora do início do interrogatório