A Polícia Judiciária fez esta sexta-feira buscas no estádio do Desportivo das Aves e nas habitações de Wei Zhao e Estrela Costa, presidente da SAD e acionista da empresa gestora do lanterna-vermelha da I Liga de futebol.
Fonte dos nortenhos confirmou à agência Lusa que os agentes executaram a revista ao longo da manhã, sem especificar a razão da visita das autoridades, que surgiu no dia seguinte à rebocagem dos dois autocarros e ao arresto de outros bens que se encontravam nos escritórios da sociedade anónima localizados no recinto avense.
Apesar das advertências do agente de execução para que nada fosse levado dos gabinetes, Wei Zhao e Estrela Costa levantaram uma série de pastas e documentos e abandonaram o estádio em duas viaturas pessoais por volta das 13h00, sob olhar da Guarda Nacional Republicana e perante os protestos de quase meia centena de adeptos.
Os corpos sociais do clube, liderado por António Freitas, acompanharam o processo de perto e salvaguardaram todo o espólio pertencente ao Desportivo das Aves, do qual estão excluídos os dois autocarros da SAD, tendo o mais recente, apresentado em outubro de 2019, sido rebocado ao final da manhã e o mais antigo levado a meio da tarde.
O arresto de bens decorreu das 9h00 às 18h30 de quinta-feira e foi pedido pela Engimov, a quem foi adjudicada sem concurso a construção do centro de estágios avense, cuja primeira pedra foi lançada em 17 de setembro de 2016 e tinha conclusão prevista para o início de 2018.
O investimento inicial de 3,6 milhões de euros (ME) previa três campos de futebol, balneários, estruturas de apoio e uma unidade hoteleira de 50 quartos, mas a empreitada está parada há vários meses e o terreno redundou num amplo descampado.
De acordo com uma investigação publicada pelo jornal Público em 8 de junho, apesar de o relatório e contas da SAD do Aves mostrar pagamentos na ordem dos 1,5 ME, a construtora sediada em Vila Verde exige uma verba em atraso superior a 400 mil euros.
Wei Zhao garantiu que os serviços jurídicos do Desportivo das Aves iam avançar com um processo na justiça, até que surgiu esta penhora de bens, no desenrolar de uma semana atribulada, na qual a direção do clube deu entrada na terça-feira com uma ação judicial no Tribunal da Comarca de Santo Tirso, a pedir a destituição dos órgãos sociais da SAD.
A administração ameaçou em 17 de julho faltar à visita ao Portimonense, marcada para domingo, às 19:30, no Portimão Estádio, para “salvaguardar a transparência na luta pela permanência”, receando “não reunir jogadores que garantam uma equipa competitiva”.
Cinco dias depois, recuou na intenção e frisou “estar a desenvolver todos os esforços” para assegurar a deslocação ao Algarve, que será realizada na manhã de sábado, com partida às 09:00, num autocarro pago pela Câmara Municipal de Santo Tirso.
A direção de António Freitas marcou o estágio numa unidade hoteleira do sul do país e assegurou diversas despesas logísticas, tendo fechado as reservas num hotel em Albufeira para os “adeptos que queiram deslocar-se ao sul do país e demonstrarem o seu apoio ao Desportivo das Aves”, apesar de a partida ser disputada à porta fechada.
O Desportivo das Aves, 18.º e último classificado, com 17 pontos e a despromoção à II Liga confirmada desde 29 de junho, despede-se da elite frente ao Portimonense, num encontro da 34.ª jornada, que será arbitrado por Hugo Miguel, da associação de Lisboa.
Os ‘alvinegros’ partem para a derradeira ronda do campeonato na 17.ª e penúltima posição, a primeira abaixo da zona de salvação, com 30 pontos, estando na luta pela permanência com Vitória de Setúbal (16.º, com 31 pontos) e Tondela (15.º, com 33).