As alterações introduzidas no Mundial de 2020 trouxeram variados desafios a todos os pilotos de MotoGP. Aliás, bem mais do que se poderia pensar à primeira vista, como ficou provado na primeira corrida do ano, o Grande Prémio de Espanha: 1) os pilotos estão a arriscar muito mais, com os problemas que isso pode trazer nas quedas (Marc Márquez) e nas próprias motos (Valentino Rossi); 2) a imprevisibilidade é bem maior, como se viu nos lugares da frente com o andamento das Yamaha a comparar com as Honda e as Ducati; 3) o esforço físico a que os pilotos estão sujeitos é bem maior, pelas temperaturas em pista que se fazem sentir na Europa, que irá receber todas as 13 provas já agendadas até novembro. No meio deste contexto, Miguel Oliveira conseguiu brilhar.
“No domingo, quando acabou o Grande Prémio de Espanha, estava de rastos, acabei a corrida muito cansado. O desgaste físico aumenta muito com o calor e também esta segunda corrida não será mais fácil. Bem, pelo menos já sabemos o que iremos enfrentar. Há algumas coisas que gostaria de melhorar na moto, também em mim. Pelo que vimos na primeira corrida, a nossa moto era muito capaz de lutar por um pódio naquelas circunstâncias. Agora vou tentar uma qualificação muito mais à frente para aumentar depois a possibilidade de lutar por um lugar melhor na corrida”, comentou o piloto português no lançamento desta segunda prova, o Grande Prémio da Andaluzia, mais uma vez em Jerez de la Frontera. E se o último fim de semana acabou da melhor forma com a crença de subir ainda um pouco mais, este dificilmente poderia começar tão bem. Depois da história, houve mais história.
Apesar de ter arrancado do 17.º lugar, Miguel Oliveira tinha subido posições atrás de posições, teve um duelo muito interessante com o ídolo Valentino Rossi onde conseguiu uma ultrapassagem de categoria e terminou na oitava posição (igualando o melhor resultado de sempre), somando oito pontos na primeira prova do Mundial sendo a segunda melhor moto da KTM apenas atrás de Pol Espargaró. Agora, na qualificação para o Grande Prémio da Andaluzia, a Tech3 do Falcão voou: o português conseguiu pela primeira vez chegar à Q2, acabou com o quinto melhor tempo em Jerez de la Frontera com quase um segundo de avanço de Pol Espargaró e garantiu uma posição na segunda linha da grelha, muito à frente da quinta que tinha como registo máximo (13.º).
“Foi uma qualificação positiva. Desde logo porque é a nossa melhor posição inicial e é algo que queríamos melhorar desde o fim de semana passado, por isso estamos felizes. Mas é claro que estamos conscientes de que o trabalho ainda não está feito. Ainda temos de terminar a corrida de amanhã com muitos pontos, por isso vamos continuar a trabalhar, afinar os últimos detalhes e manteremos uma mentalidade forte para amanhã”, disse o português após a qualificação, em declarações ao site oficial da KTM Tech3. “Neste sábado estaria num altar a casar-me. Estava destinado a ser um grande dia. Não no altar mas na grelha de partida. Amanhã o trabalho continua! Obrigado pelo apoio”, acrescentou depois nas redes sociais, numa mensagem muito partilhada.
???? AWAY WE GO!!! ????@FabioQ20 leads a Yamaha 1-2-3 into Turn 1! ????#AndaluciaGP ???? pic.twitter.com/xIr9YpAULb
— MotoGP™???? (@MotoGP) July 26, 2020
Este domingo, numa prova que se já se sabia que não iria contar com o hexacampeão mundial Marc Márquez (que teve uma queda violenta na primeira corrida, fez uma fratura no braço, colocou uma placa de titânio no úmero, fez as duas últimas sessões de treinos livres mas prescindiu da prova na qualificação), Miguel Oliveira partia com esse objetivo de fechar da melhor forma um fim de semana histórico com uma posição acima do oitavo lugar do Grande Prémio de Espanha e do Grande Prémio da Áustria, no ano passado, mas o sonho durou pouco mais de uma curva, com o português a cair num incidente com Brad Binder: após uma má saída onde quis sobretudo fugir a qualquer toque, o companheiro de equipa da KTM deu um toque no pneu traseiro da moto do português e atirou Miguel Oliveira para fora da corrida, naquela que foi a segunda corrida em que participou e não acabou no MotoGP.
Começa o MotoGP em Andaluzia e começa muito mal para Miguel Oliveira… O português cai na primeira curva, depois de ter conseguido a melhor qualificação de sempre. pic.twitter.com/GKj9yT7q7y
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Lá na frente, Fabio Quartararo, que no fim de semana passado conseguiu a sua primeira vitória de sempre no MotoGP quebrando um jejum de mais de 20 anos sem triunfos franceses na principal categoria, saiu da melhor forma, confirmou o bom ritmo da qualificação que lhe valeu nova pole e foi dominando por completo a corrida, aproveitando a ultrapassagem de Valentino Rossi a Maverick Viñales e Pecco Bagnaia que condicionou a Yamaha do espanhol na tentativa de se chegar ao companheiro da equipa. Na KTM, tudo ao lado: Pol Espargaró não teve capacidade para melhorar o ritmo dos dois primeiros dias e manteve-se abaixo do top 10, Brad Binder ficou com a corrida condicionada por completo e Iker Lecuona, da Tech3, caiu e voltou a sentir muitas dificuldades.
The stats speak for themselves! ????
And in true @ValeYellow46 style, the wheelie is mandatory! ❤️#AndaluciaGP ???? pic.twitter.com/oa4VMS3hdy
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Com o passar das voltas, voltou a confirmar-se o maior número de quedas (Jack Miller e Brad Binder), voltou a confirmar-se o domínio de Fabio Quartarato, voltou a confirmar-se que nem tudo são rosas na Yamaha porque se o francês tem o melhor ritmo nesta fase, agora foi Franco Morbidelli a ficar fora da corrida quando tinha todas as condições para chegar ao pódio já depois de os mesmos problemas no motor terem deixado Rossi fora da primeira corrida do ano. Entretanto, Pecco Bagnaia conseguiu colocar a Ducati entre a luta das motos da marca japonesa, subindo ao segundo posto com Il Dottore na terceira posição e Viñales no quarto lugar, até ser obrigado também a desistir por problemas técnicos. Pol Espargaró, a única KTM em prova, aproveitou as várias desistências na frente para chegar ao sétimo lugar numa corrida em que teve um ritmo muito pior do que no último domingo.
???? @FabioQ20 leads home Yamaha 1-2-3 as @ValeYellow46 returns to the podium!
Tune in to #AfterTheFlag for all the post-race reaction and analysis! ????https://t.co/deoyqHejUq#AndaluciaGP ???? pic.twitter.com/TM8Qiqmvzt
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As Yamaha ficaram assim na frente, com Maverick Viñales a conseguir ultrapassar Valentino Rossi a uma volta e meia do fim beneficiando de um erro do italiano numa curva onde alargou a trajetória e a garantir o segundo lugar, repetindo a classificação do Grande Prémio de Espanha. E Marc Márquez, que falhou a corrida da Andaluzia, vai ter uma missão muito complicada para revalidar o título perante um Fabio Quartararo bem lançado neste início de Mundial e um Viñales que mantém um bom ritmo de corrida. Nota ainda para o sexto lugar de Andrea Dovizioso que permite manter o terceiro posto no Mundial e para a quinta posição na corrida de Joan Mir, espanhol que tinha ficado de fora na primeira prova e que fez agora uma corrida interessante com a sua Suzuki.
Maximum points from Jerez for @FabioQ20! ????
The @sepangracing rider is 10 points clear of @mvkoficial12 in the championship battle! ⚔️#AndaluciaGP ???? pic.twitter.com/YrrP9nh1D9
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