O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, exigiu esta terça-feira explicações dos “responsáveis políticos” e da supervisão bancária sobre as novas suspeitas que recaem sobre a gestão do Novo Banco.
“Não há um único português que não tenha ficado escandalizado com as suspeitas que hoje vieram a público sobre a gestão do Novo Banco”, disse aos jornalistas.
Francisco Rodrigues dos Santos falava na sede nacional do partido, em Lisboa, em reação à notícia do jornal Público, segundo a qual um fundo das ilhas Caimão comprou casas do Novo Banco com o crédito desta instituição financeira, num negócio que foi um dos maiores do ramo imobiliário dos últimos anos e em que o Fundo de Resolução cobriu as perdas. Nesta investigação, refere-se mesmo que o Novo Banco vendeu e emprestou o dinheiro a quem comprou.
“Não é crível também, na opinião do CDS, que tudo isto tenha acontecido debaixo das barbas do Governo, com a supervisão novamente a falhar, e sem que os responsáveis políticos e o Banco de Portugal tivesse sequer conhecimento do que se estava a passar”, salientou.
O presidente do CDS observou igualmente que “foi exatamente este mesmo Governo que em 2018 fez a venda do Novo Banco e este mesmo Governo decidiu promover o anterior ministro das Finanças a governador do Banco de Portugal, diga-se, também com a conivência do Partido Social Democrata”.
Na ótica do líder centrista, “as simples suspeitas que recaem neste momento sobre o Governo, sobre a supervisão e sobre o Novo Banco é gozar com a cara dos portugueses e com todos os esforços e sacrifícios que fizeram”.
Assim, “o CDS exige saber como é que cada cêntimo dos portugueses foi empregue e gasto no Novo Banco, com toda a transparência e verdade, e exige também aos responsáveis políticos, ao Governo e à supervisão do Banco de Portugal que deem estas explicações aos portugueses”, frisou Francisco Rodrigues dos Santos.
Notando que “o Novo Banco já engoliu mais de 11 mil milhões de euros de dinheiro dos portugueses”, o democrata-cristão considerou que este apoio constitui “um verdadeiro saque fiscal em impostos que obrigou os nossos concidadãos a fazerem muitos sacrifícios para taparem o buraco do Novo Banco”.
Questionado sobre o facto de o primeiro-ministro, António Costa, ter escrito à procuradora Geral da República, Lucília Gago, a pedir que o Ministério Público, enquanto representante do Estado, desenvolva os procedimentos cautelares adequados à proteção dos interesses financeiros de Portugal, Rodrigues dos Santos frisou que “quem não deve não teme”.
“O CDS certamente que vê com bons olhos todas e quaisquer investigações do Ministério Público com vista a detetar se ocorreu a prática de crimes contra o Estado. Portanto, a bem da verdade, da transparência, do rigor na aplicação dos dinheiros públicos, não só se exige, como é oportuno, que seja feita essa investigação para que portugueses fiquem a saber a explicação de cada cêntimo que foi gasto no Novo Banco”, acrescentou.
O presidente do CDS advertiu ainda que o “Governo pode trocar as cartas que quiser com o Ministério Público, mas há uma coisa que não vai conseguir, é ilibar-se também da responsabilidade política e das suas funções de tutela na forma como gestão do Novo Banco está a ser feita”.