O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) voltou esta segunda-feira a exigir a valorização da carreira destes profissionais de saúde, argumentando que, passado o pico da pandemia de Covid-19, todos os dias há enfermeiros a sair para o estrangeiro.
Se o Ministério da Saúde quer profissionais qualificados tem de os valorizar. Mas não valoriza os enfermeiros especialistas, não há desenvolvimento na carreira e há muito gente a ir embora para o estrangeiro. Há pessoas todos os dias a ir embora porque estão de rastos, não aguentam”, disse à agência Lusa Paulo Anacleto, dirigente do SEP.
A estrutura sindical promoveu esta segunda-feira, na praça 8 de Maio, em Coimbra, uma iniciativa de contacto com a população, envolvendo 16 ‘muppies’ gigantes utilizados para comunicar o “conjunto de problemas” com que a profissão se defronta em Portugal.
Esta iniciativa é dedicada aos utentes e à população em geral que, na altura mais aguda da pandemia [do novo coronavírus], nos apoiou com palavras e com palmas. É muito agradável, mas as palavras e as palmas não chegam, os enfermeiros estiveram e estão sempre na linha da frente, correm riscos diários e isso não está traduzido na lei”, argumentou Paulo Anacleto.
O dirigente sindical defendeu, por outro lado, que os jovens enfermeiros que estão agora a sair das escolas de enfermagem “devem ser de imediato admitidos” nas unidades do Serviço Nacional de Saúde, dizendo ser “falso” que não existam enfermeiros em número suficiente.
Há milhares no estrangeiro que não regressam porque o país não lhes dá condições e muitos a ir embora porque aqui não se sentem valorizados. Mudem-se as regras e haverá enfermeiros “, enfatizou.
Outra questão que o SEP quer ver resolvida diz respeito aos vencimentos: Paulo Anacleto alega que um enfermeiro em início de carreira “vai ganhar pouco menos” do que um profissional “com anos de profissão”.
Acresce que no Serviço Nacional de Saúde, quem possui contratos em funções públicas “tem direitos diferentes” dos enfermeiros com contratos individuais de trabalho “e isso não faz sentido nenhum”.
A questão da aposentação “muito tarde” foi outro tema que o SEP levou esta segunda-feira para a rua, em Coimbra.
Um enfermeiro aposentar-se com quase 70 anos não é de todo viável e diz muito da falta de valorização e da falta de investimento a que os enfermeiros estão sujeitos”, declarou Paulo Anacleto.