A poluição proveniente das indústrias de Paio Pires não tem causado “qualquer impacto relevante na saúde” dos habitantes desta freguesia, no Seixal, no distrito de Setúbal, revelou esta sexta-feira um estudo epidemiológico apresentado pela autarquia.

De facto não se conseguiu determinar, no levantamento que foi feito e na comparação feita com os dados conhecidos, que exista qualquer impacto relevante na saúde relativamente a uma exposição ambiental relacionada com a atividade industrial”, adiantou o presidente da Câmara do Seixal.

Joaquim Santos falava à agência Lusa depois de ter sido divulgado um vídeo nas redes sociais com as principais conclusões do estudo, financiado pelo município, para averiguar o estado de saúde e a mortalidade da população da União de Freguesias do Seixal, Arrentela e Aldeia de Paio Pires, considerando a “exposição ambiental local”.

Fez-se uma análise comparativa entre os indicadores de saúde da população da freguesia que está sujeita a uma exposição ambiental e comparou-se com outra freguesia do concelho de Almada e com toda a Área Metropolitana de Lisboa”, explicou.

No entanto, a investigação feita pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa “não detetou qualquer situação que indique que existam problemas na saúde da população”, resultantes da poluição ambiental, apontou.

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Até [se percebeu] o contrário, que no concelho do Seixal e na freguesia de Arrentela e Paio Pires morre-se menos do que na freguesia da Cova da Piedade, em Almada”, indicou.

Na visão de Joaquim Santos, esta é uma “boa notícia”, mas é preciso continuar com os estudos e avançar “para outro nível de mais detalhe”, para retirar qualquer dúvida aos habitantes de Paio Pires, que desde 2014 se queixam da existência de um pó preto sobre as ruas e casas da localidade.

O desconhecido traz-nos sempre algum pânico, como é normal, e o que a câmara pretende com estes estudos é trazer conhecimento sobre possíveis impactos na qualidade de vida e saúde das populações”, mencionou.

O próximo passo do município é a apresentação de um estudo sobre a qualidade do ar no concelho, elaborado pela Universidade de Aveiro.

Já em maio de 2019, tinha sido apresentado outro estudo feito pelo Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares do Instituto Superior Técnico, que concluiu que o pó depositado nas varandas e automóveis de Paio Pires não constitui risco para a saúde, apesar de não terem sido analisadas as partículas mais pequenas e potencialmente perigosas.

Como todos as investigações têm sido suportadas pela autarquia, Joaquim Santos fez também uma crítica ao Governo que não tem assumido esta responsabilidade.

Nós estamos a substituir o Estado, porque quem devia ter feito este estudo devia ter sido o Ministério da Saúde, o das partículas devia ter sido o Ministério do Ambiente e o da qualidade do Ar também devia ter sido o Ministério do Ambiente, mas a câmara é que avançou porque não estão muito preocupados com a situação”, lamentou.

Ainda assim, o autarca deixou um apelo aos governantes, de que o concelho precisa de mais dois aparelhos de monitorização da qualidade do ar, um para a Torre da Marinha e outro para a Amora, pois só assim será possível averiguar se a poluição “resultará da área da Siderurgia ou se tem diferenças com a zona da Arrentela e Amora, mas também comparando com o Barreiro e Feijó, que estão mais distantes”.