Quando estava ainda no carro, no final de uma corrida onde terminou com apenas 0,5% de bateria, António Félix da Costa não escondia a emoção pelo feito que acabara de alcançar – e que apenas aconteceu porque, apesar das frustrações que teve ao longo de uma carreira que tinha como sonho máximo chegar à Fórmula 1 que esteve ali tão perto, nunca desistiu de fazer outra história à sua maneira. O português é conhecido na Fórmula E pelo espírito de fair play e pela boa disposição, como ficou provado na forma como recebeu o troféu da primeira vitória em Berlim, depois da pandemia, mas a hora era de emoção pela conquista que acabara de conseguir.

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Entre vários cumprimentos a membros da DS Techeetah, a equipa para onde mudou este ano ocupando a vaga que tinha sido deixada em aberto por André Lotterer, foi visível o reconhecimento do companheiro de equipa, o francês bicampeão da Fórmula E, Jean-Éric Vergne, que retardou o início da entrevista depois da corrida ao vencedor para dar um forte abraço ao piloto de Cascais, que de seguida foi ao seu cacifo naquela zona agarrar na bandeira de Portugal que costuma levar sempre que chega ao pódio. Aquela bandeira, mais do que nunca, trazia consigo também uma mensagem de agradecimento, como viria a sublinhar nas intervenções após o título.

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“Não tenho palavras neste momento, só consigo pensar nos momentos maus. Estive tão perto de desistir tantas vezes mas graças a quem esteve do meu lado não o fiz. Mas acima de tudo agradeço a todos os que estão aqui no Campeonato, com quem compito desde o primeiro ano. Confiaram sempre em mim, mesmo quando era 15.º ou algo assim… Trouxeram-me de volta. Não tenho palavras. Está a acontecer!”, disse à transmissão da Fórmula E, tendo por trás um ecrã que mostrava imagens de família, namorada e amigos a fazerem a festa em casa e que, com algum delay à mistura, saudavam cada palavra que iam ouvindo do Formiga, como também é conhecido.

Bora malta, é nossa, vamos!”, atirou quando percebeu que as suas palavras estavam a chegar àquele grupo mais próximo de pessoas que fazia a festa em Portugal pelas restrições da pandemia.

“É nosso! É nosso! Não tenho palavras. Depois de tantos dias maus, trazer este título para Portugal é incrível. Obrigado aos que nunca deixaram de acreditar. Obrigado pelos votos no fanboost! Somos um país pequeno mas cheio de talento. Não só no futebol, com o nosso Cristiano, mas em muitos desportos. Andamos além-fronteiras a representar as grandes marcas. Obrigado, é para Portugal”, disse num vídeo partilhado pela sua assessoria de imprensa. “Não há palavras, chegámos aqui a Berlim na frente do Campeonato e fizemos tudo como devíamos. Somos campeões do mundo! Ainda não estou em mim, trabalhei toda a minha vida para isto, tive momentos complicados na minha carreira mas sem dúvida que valeu a pena. Quero agradecer a todos os portugueses que estão sempre comigo, a apoiar nos bons mas sobretudo nos maus momentos, este título é meu, é de Portugal, é nosso! Obrigado ao meu pai e toda a minha família por tudo, aos meus amigos por estarem sempre lá, à minha equipa DS Techeetah pelo trabalho, dedicação e excelente carro que me deram”, acrescentou.

As mensagens de parabéns chegaram de vários setores. “António Félix da Costa é o quinto piloto a conquistar esta prova, naquele que é um dos momentos mais altos da sua carreira. Orgulha Portugal, alegra todos os portugueses e merece o reconhecimento do Presidente da República, que já lhe transmitiu pessoalmente as felicitações em nome de todos os portugueses”, anunciou Marcelo Rebelo de Sousa. “Parabéns ao Félix da Costa, campeão do mundo de Fórmula E. Dia histórico e de orgulho para o desporto automóvel português”, disse o primeiro-ministro, António Costa, no Twitter. “É um grande orgulho ter um português a conquistar um campeonato do mundo de Fórmula E. Félix da Costa merecia estar na Fórmula 1″, comentou o ex-piloto Pedro Lamy à Rádio Observador.

[Ouça aqui na íntegra a entrevista de Pedro Lamy à Rádio Observador]

“É um grande orgulho ter um português a conquistar um campeonato do mundo de Fórmula E. António Félix da Costa merecia estar na Fórmula 1”