As artes podem ser uma ferramenta importante na medicina defende a médica luso-canadiana Carina Freitas, após seis anos no Canadá, agora de regresso a Portugal, prometendo utilizar o “poder terapêutico da música como tratamento dos pacientes”.

“Gostava de continuar o meu propósito de vida, que é divulgar o poder terapêutico da música e também a introdução das artes na saúde, nos cuidados hospitalares, pois têm o poder de curar e porque não utilizá-las para o nosso bem-estar”, disse à agência Lusa Carina Freitas, de 43 anos.

Natural do Funchal (Madeira), a pedopsiquiatra realçou ainda um relatório da Organização Mundial de Saúde divulgado em novembro de 2019 que foca a “importância de fomentar as artes na saúde e no bem-estar”.

Licenciada pela Faculdade de Medicina do Porto (1994-2000), fez o internato Geral Médico no Centro Hospitalar do Funchal (2001-2002), especializou-se em Psiquiatria de Infância e da Adolescência no Hospital Dona Estefânia (2003-2008).

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Com um mestrado em Neurociências pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Carina Freitas foi estudante internacional no Canadá entre 2014 a julho de 2020, tendo concluído um doutoramento de ciências médicas e neurociências no Instituto de Ciências Médicas da Universidade de Toronto e uma pós-graduação de “Média e Medicina” na Escola Médica de Harvard, em Boston (Estados Unidos).

“Na pós-graduação senti uma forte comunidade de médicos, que não se dedicavam apenas à medicina, tinham outras paixões, como as artes plásticas, a culinária, a natureza, e realizavam uma ponte entre a medicina e essas paixões”, frisou.

No seu caso, com um interesse particular em Neurociências da música e autismo, foi importante contar a “história para criar um impacto junto das comunidades para consciencializar as pessoas para as doenças e para os tratamentos”.

A luso-canadiana foi uma das selecionadas para a pós-graduação, entre 400 candidatos, em que, foram escolhidos 40 médicos e outros dez profissionais da área da saúde e da comunicação social, numa experiência que considera de “enriquecedora com pessoas que lhe serviram de inspiração profissional e pessoal”.

Na pós-graduação de ‘Média e Medicina’ em Harvard, a luso-canadiana realizou um documentário sobre “O Poder Terapêutico da Música no Autismo”.

Durante o doutoramento no Canadá, a médica estudou as bases neurológicas da música familiar e a perceção da música familiar e não familiar nas crianças com Perturbação do Espetro do Autismo, utilizando a técnica da magnetoencefalografia.

Carina Freitas obteve uma bolsa de doutoramento da Fundação Ciência e Tecnologia (FCT) e ainda cinco prémios de excelência académica atribuídos pela Universidade de Toronto, no valor total de 22.600 dólares canadianos (14.329 euros).

Entre 2008 a 2014, exerceu a atividade clínica no Serviço de Pedopsiquiatria no Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, local onde já reiniciou funções, após seis anos de licença sem vencimento.

Além da medicina, Carina Freitas tem outra paixão: a música. Além de cantora, também é compositora e desde muito cedo participou em vários festivais da canção, tendo lançado em 2006 ‘Alquimia’, um álbum de pop-rock com temas originais.