O relatório da comissão de inquérito da Ordem dos Médicos ao lar de Reguengos de Monsaraz, onde morreram 16 idosos, revela que os médicos que denunciaram as más condições da instituição terão sido ameaçados com processos disciplinares. A notícia é avançada pelo Expresso, que afirma que José Robalo, diretor da Administração Regional de Saúde do Alentejo, intimou mais que um médico.

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No documento a que o mesmo jornal teve acesso, lê-se: “Na reunião os médicos são informados pelo Dr. Robalo de que devem manter a prestação de cuidados no lar porque, caso contrário, incorreriam em processo disciplinar”. Ao todo, 80 utentes (de um total de 84) e 26 trabalhadores do lar ficaram infetados com Covid-19 — 16 idosos morreram, bem como uma funcionária e um motorista da Câmara Municipal

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Questionado pelo mesmo jornal, José Robalo confirmou a referência a possíveis processos disciplinares, mas apenas quanto à recusa em prestar o serviço e não quanto à falta de condições: “Sim, levantei a possibilidade de um processo disciplinar [nesse encontro] (…) Se se recusam a tratar um doente do Serviço Nacional de Saúde, neste contexto, pode ser levantado um processo disciplinar. Não pode haver recusa”. Além disso, adiantou: “Eu não sei se havia ou não condições [para prestar os cuidados]”.

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Naquela altura, uma pessoa já tinha morrido e havia mais de 70 utentes infetados. A 25 de junho, no dia seguinte, a Autoridade de Saúde Pública e da Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Alentejo Central, reconheceu a “falta de condições de segurança” no lar, segundo o relatório. E a 27 de junho, José Robalo terá sido avisado mais uma vez da “verificação das más condições existentes”.