A junta que derrubou o Presidente do Mali vai colocar no seu lugar “um presidente de transição”, que tanto pode ser “um militar como um civil”, afirmou na quinta-feira o seu porta-voz em entrevista à televisão France24. As fronteiras terrestres e aéreas do país, encerradas desde o golpe militar, serão reabertas na sexta-feira.

Vamos instalar um conselho de transição com um presidente de transição, que vai ser ou um militar ou um civil. Estamos em contacto com a sociedade civil, os partidos da oposição, a maioria, toda a gente, para procurar avançar com a transição”, declarou o porta-voz da junta, o coronel-major Ismael Wagué.

“Esta transição vai ser o mais curta possível”, disse.

O mandato do Presidente derrubado, Ibrahim Boubacar Keïta, que se demitiu na noite de terça para quarta-feira, quando se encontrava detido pelos golpistas, prolongava-se até 2023.

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O porta-voz do Comité Nacional para a Salvação do Povo, que dirige agora o país, recusou a ideia de que o Presidente Keita, que afirmou que não tinha outra escolha, se tenha demitido sob pressão. Ismael Wagué voltou a justificar a intervenção dos militares com a existência de “um bloqueio do país” desde há muito.

Uma parte da população sofria. (…) O nível da corrupção era muito elevado. Digo-vos claramente prefiro evitar o termo ‘golpe de Estado’, porque isto não o é”, acresscentou

O coronel-major disse também que o destino do ex-Presidente vai ser decidido pela justiça do país, e não pelos militares, e recusou qualquer ligação entre o Comité e o M5, o movimento de contestação, que junta chefes religiosos, sociedade civil e políticos, que reclamava a saída de Keita e saudou a intervenção militar.

Fronteiras terrestres e aéreas reabrem na sexta-feira

O Comité Nacional de Salvação do Povo está a informar a comunidade nacional e internacional da reabertura das fronteiras aéreas e terrestres a partir de sexta-feira, 21 de agosto, às 00h (1h em Lisboa)”, explicita o comunicado que foi lido pelo pivô do noticiário da Office de Radiodiffusion – Télévision du Mali (ORTM, na sigla francesa), citado pela France-Presse (AFP).

A nota redigida pelos militares acrescenta que estão garantidas “a boa circulação das pessoas e de bens”, sem adiantar, no entanto, esclarecimentos adicionais.