Assim como acontecera há um mês ao grupo de media dos generais “Dino” e “Kopelipa” e Manuel Vicente, agora foi a vez de a televisão Palanca e a rádio Global, detidas por outro homem influente no governo de José Eduardo dos Santos, Manuel Rabelais, passarem para a alçada do Estado angolano. O antigo ministro da Comunicação Social do ex-Presidente de Angola fez, como sócio maioritário, a entrega voluntária da empresa, soube o Observador junto de fonte ligada ao processo. O mesmo não aconteceu com o outro sócio: a sua parte na empresa teve de ser apreendida, adiantou a mesma fonte.
Em comunicado enviado esta sexta-feira às redações, a Procuradoria-Geral de Angola (PGR) informa que a ação se deve ao facto de a empresa Interactive Empreendimentos Multimédia LDA, dona da televisão e da rádio, mas também da Agência de Produção de Programas Áudio e Visual, “ter sido constituída com fundos públicos”. Ou seja, resulta da intervenção do Serviço Nacional de Recuperação de Activos, que faz parte do programa de combate à corrupção do Presidente João Lourenço. Tal como a Zimbo e o jornal O País do grupo Media Nova, ficam sob a tutela do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social.
“A entrega inclui instalações, equipamentos, emissão, veículos, trabalhadores e colaboradores”, avança ainda a nota.
Também esta sexta-feira, Manuel Rabelais, que estava com termo de identidade e residência — no âmbito de um processo por alegados crimes de peculato, recebimento indevido de vantagens e branqueamento de capitais, enquanto diretor do GRECIMA (Gabinete de Revitalização da Comunicação Institucional e Marketing) — viu as suas medidas de coação serem levantadas pelo Supremo Tribunal de Angola.
Já no fim de maio, o ex-ministro de José Eduardo dos Santos (que fez esta sexta-feira 78 anos) tinha entregue a empresa por falta de fontes alternativas de financiamento. Na altura chegou a fazer um desmentido para pouco depois emitir um pedido de desculpas à PGR.