Durante esta semana deverão ser entregues ao Estado angolano a televisão Zimbo, a rádio Mais, o jornal O País e a revista Exame avançou o jornal angolano Correio da Kianda e confirmou o Observador junto de fonte ligada à televisão.

Os quatro órgãos de comunicação social fazem parte do grupo Media Nova, que é propriedade de três homens fortes do antigo Presidente José Eduardo dos Santos: os generais “Dino” Nascimento e Helder Dias “Kopelipa” e o ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente.

A passagem dos media para a esfera do Estado é o resultado da ação do Grupo de Trabalho de Recuperação de Ativos ou, dito de outra forma, de investimentos privados feitos com verbas públicas, no âmbito do combate à corrupção, grande bandeira do atual governo angolano.

A decisão já foi comunicada às equipas, sabe o Observador. A Televisão Pública de Angola (TPA) e a Rádio Nacional de Angola (RNA) ficam fiéis depositários da Zimbo e da rádio Mais, respectivamente. Já O País ficará com as Edições Novembro.

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Já há algum tempo que surgem notícias sobre dificuldades financeiras do grupo, tendo sido divulgado em maio que a primeira emissora privada angolana começara a fazer despedimentos. No entanto fonte da Zimbo garante ao Observador que a estação “não tem vencimentos em atraso nem está a despedir ninguém”. O grupo Media Nova tem-se debatido com problemas de gestão orçamental desde que “mudou o paradigma”, chavão utilizado em Angola para referir a maneira diferente de governar do Presidente João Lourenço, quando comparada com o antecessor.

O grupo nasceu em 2008, quando “havia verbas do Estado para projetos que contribuíssem para a abertura dos media, mas de forma controlada”, avançou ao Observador fonte conhecedora do processo. A Zimbo, por exemplo, distinguiu-se por dar voz ao povo (“desde que não batesse no Presidente de então”, acrescenta a mesma fonte) e a alguma oposição. Líder de audiências, a emissora tem servido como contraditório à TPA, tendo uma abordagem mais crítica em relação à atual governação e revelando uma maior abertura política.

(notícia atualizada às 11h40 do dia 29 de julho com a informação de que a Zimbo não está a fazer despedimentos)