O representante da Associação da Hotelaria de Portugal (AHT) no Algarve disse que “há clientes britânicos a antecipar” a saída de unidades hoteleiras, devido à incerteza do fecho do corredor aéreo entre o Reino Unido e Portugal.

“A notícia de um possível fecho do corredor aéreo já está a causar bastante preocupação, nomeadamente nos clientes que estão neste momento no Algarve, com alguns a pedir para antecipar o seu regresso a Inglaterra”, disse à agência Lusa o dirigente associativo João Soares.

O dirigente regional da associação que representa mais de 60% dos hoteleiros nacionais, adiantou que, além da antecipação de saídas, existem também cancelamentos de reservas: “Neste momento, esse cancelamento tem já um número considerável”.

João Soares afirmou que os hoteleiros estão a olhar para a situação com muita preocupação, considerando que uma decisão britânica de repor a obrigatoriedade de quarentena à chegada a território britânico, proveniente de Portugal, devido à pandemia de covid-19, “não faz grande sentido, porque o Algarve cumpre os rácios de contaminações e é a região menos afetada pelos contágios”.

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O dirigente associativo defende que deveria ser dado “um tratamento diferenciado para o Algarve, porque a região não deve ser penalizada pelo rácio de contágio existente noutras zonas do país”.

“Dependemos em grande parte do mercado britânico que tem um impacto substancialmente grande no mês de setembro”, sublinhou João Soares, acrescentando que os hoteleiros estão muito preocupados, até porque foi pedido às empresas associadas para que funcionassem durante o mês de setembro”.

O também diretor do Hotel Dom José Beach, em Quarteira, reforçou a preocupação dos associados da AHP “dada a iminência de ter que ser dado um passo atrás naquilo que foi conquistado numa região que cumpre com aquilo que é devido quanto ao número de casos” de covid-19.

Por seu turno, o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) disse à agência Lusa que, “por enquanto, ainda não há registo” de turistas britânicos que estejam a regressar ao seu país por força das notícias que apontam para uma possível decisão do Governo do Reino Unido de repor a obrigatoriedade de quarentena à chegada a território britânico.

“O que se pode dizer é que isso não é uma boa notícia e, a verificar-se, trará avultados prejuízos para a região e o país”, afirmou o presidente da AHETA, Elidérico Viegas, sublinhando que o “mercado britânico é estratégico e prioritário para a região, representa mais de um terço das dormidas e dos turistas e, em receitas, representa mais porque a despesa ‘per capita’ é mais elevada que a média” dos visitantes de outros países.

Os hotéis e empreendimentos turísticos algarvios “esperam vivamente é que a imprensa britânica esteja enganada desta vez”, acrescentou Elidérico Viegas, frisando que “não é a primeira vez que isso aconteceria”.

O presidente da AHETA defendeu que “não faz sentido considerar Portugal como um todo como destino inseguro quando, em boa verdade, o Algarve teve muito poucos infetados por 100 mil habitantes” e regista um valor de “pouco mais de dois por 100 mil habitantes”, que “cumpre os critérios europeus” para ser um destino considerado seguro.

“Penalizar as regiões como o Algarve porque a zonas de Lisboa e do Porto têm um número de infetados superior parece-me um bocadinho – não é um bocadinho, é muito — injusto. E não apenas para nós, mas para os próprios turistas britânicos” que querem visitar a região, disse ainda o presidente da AHETA.