O momento protagonizado por Cate Blanchett, presidente do júri, e por Alberto Barbera, diretor do evento, pode muito bem tornar-se no ícone desta 77ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza, que arrancou nesta quarta-feira, apesar de uma Europa ameaçada pelos riscos de uma segunda vaga da pandemia de Covid-19. Mas o espetáculo tem de continuar, ou melhor, o cinema europeu não pôde abdicar de uma das suas mais importantes telas.

Para que tal acontecesse e sem grandes derrapagens (o festival começa habitualmente nos últimos dias de agosto), foram tomadas as devidas precauções — uso obrigatório de máscara, que apenas sai da cara para as fotografias da famosa passadeira vermelha (nunca se viram tantas ou, pelo menos, Veneza está habituada a outro tipo de máscara), cumprimento da distância de segurança e lavagem frequente das mãos.

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O interior da sala, durante a cerimónia de abertura © ALBERTO PIZZOLI/AFP via Getty Images

No exterior, onde desfilaram as estrelas para a cerimónia inaugural, marcada pela antestreia de “Lacci”, de Daniele Luchetti, algo mudou. Além de haver menos fotógrafos e de não haver público, também as habituais fotografias de elenco são agora entrecortadas por espaços vazios. Atores e realizadores resistem à tentação do toque — no máximo, saúdam-se com uma sentida cotovelada, como fizeram Blanchett e Barbera.

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No interior, o cenário não é diferente. A sala viu a lotação consideravelmente reduzida para que os convidados se sentem com lugares vazios entre si. Mais uma vez, sempre de máscara — essa só sai em cima do palco e, nesse caso, é mesmo uma questão de mérito. Foi o caso de Tilda Swinton, que depois de percorrer a red carpet em Chanel da cabeça aos pés, recebeu um Leão de Ouro em jeito de prémio de carreira.

''Lacci'' Red Carpet And Opening Ceremony Red Carpet Arrivals - The 77th Venice Film Festival

Aos 59 anos, Tilda Swinton recebeu o prémio de carreira em Veneza © Matteo Chinellato/NurPhoto via Getty Images

O rol de estrelas internacionais a desfilar em Veneza ficou aquém do habitual aparato de uma cerimónia de abertura. Cate Blanchett, presença assídua nos grandes palcos do cinema europeu, pisou a passadeira vermelha na qualidade de presidente do júri, mas a ausência de arrojo do vestido de Esteban Cortázar contrastou com os inúmeros momentos altos que a atriz australiana protagonizou ao longo dos últimos anos.

Nesta quarta-feira, Blanchett acabou ainda por comentar a decisão do Festival de Berlim de tornar os prémios gender neutral, criando um galardão único para melhor ator e atriz. “Refiro-me sempre a mim como ator. Pertenço a uma geração em que a palavra atriz era usada quase sempre com um sentido pejorativo”, referiu a atriz de 51 anos.

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Cate Blanchett ajusta a máscara durante a conferência de imprensa que antecedeu a cerimónia de abertura do festival © TIZIANA FABI/AFP via Getty Images

Entre os nomes (menos conhecidos) que passaram por Veneza na primeira noite estiveram a manequim norte-americana Taylor Hill, mas também as italianas Anna Foglietta, Linda Caridi, ambas vestidas por Giorgio Armani, e ainda a cantora Elodie, com um vestido Versace prateado, o visual mais cintilante da noite. Ludivine Sagnier, atriz francesa e membro do júri, optou pela simplicidade de um vestido preto de alças finas Celine.

Este e outros looks da cerimónia de abertura da 77ª edição do Festival de Veneza estão na fotogaleria. O evento acontece até dia 12 de setembro.