A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) disse esta sexta-feira em Viseu que “não pode haver nem um tostão” no Orçamento de Estado para 2021 para “os desmandes do Novo Banco”, na primeira iniciativa da rentrée política do partido.
Para o Bloco de Esquerda há uma condição muito séria: no Orçamento de Estado de 2021 não pode haver nem um tostão para continuar a pagar os desmandes do Novo Banco. Já provámos que nos estão a enganar, é preciso travar e é preciso proteger o país, quem aqui vive, quem aqui trabalha e que precisa de responder a uma crise”, defendeu Catariana Martins, após uma resenha histórica do Novo Banco.
A coordenadora do BE falava em Viseu na primeira iniciativa da rentrée do partido que, este ano, por causa da Covid-19 não realiza o fórum socialismo nacional, optando por fóruns descentralizados em vários distritos.
Em Viseu, após inaugurar a oitava edição da Sementeira, iniciativa cultural organizada pela coordenação do distrito que decorre este fim de semana, Catarina Martins apontou “as sucessivas mentiras desde o Governo de Passos Coelho” relativamente ao processo do Novo Banco.
Fizemos todas as exigências no parlamento e o Governo na altura garantiu-nos que não existiriam novas injeções no Novo Banco sem o resultado da auditoria e depois fez uma injeção no Novo Banco sem o resultado da auditoria”, recordou.
Auditoria que, continuou, foi apresentada no início deste mês e que “foi feita pela Deloitte, a mesma que assessorou o ruinoso negócio de venda da seguradora do Novo Banco a um corrupto condenado para depois ir imputar perdas ao Fundo de Resolução e exigir mais dinheiro ao Estado”.
“Pergunto: Podemos nós acreditar numa auditoria que foi feita numa parte interessada num dos negócios ruinosos do Novo Banco? Que credibilidade tem afinal uma auditoria que até diz que está tudo mais ou menos bem? Como é que foi possível o Governo deixar levar até ao fim como auditor do Novo Banco alguém que tinha um conflito de interesses óbvio no Novo Banco, alguém que foi parte num dos negócios ruinosos do Novo Banco?”, questionou.
Catarina Martins defendeu assim que “a auditoria da Deloitte tem de ir para o caixote do lixo” uma vez que “não tem credibilidade” e “a administração do Fundo de Resolução e a do Novo Banco, que são cúmplices com esta situação, não se podem manter”.
É inaceitável que o Estado que é ainda acionista do Novo Banco feche os olhos a tudo o que se está a passar e continue a pagar os desmandes do Novo Banco”, frisou.
Neste sentido, a coordenadora do BE disse que “é muito sério e não é de somenos” e não se pode estar “distraído sobre isto” até porque, lembrou, “já são milhares de milhões de euros que são injetados” e, no seu entender, é “o dinheiro que faz falta no apoio social e económico”, principalmente, com a “crise da pandemia” da Covid-19.
“Hoje mesmo sabemos que António Ramalho, administrador do Novo Banco, é reconduzido como administrador do Novo Banco. Querem dizer-nos que nada vai ser como dantes quando fica tudo como dantes num sistema financeiro que faz tudo o que quer e lhe apetece e não tem a mínima transparência e quer continuar a exigir aos contribuintes o que não pode exigir”, apontou a responsável do BE.