O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, apelou hoje para uma maior solidariedade entre os países, em especial as maiores potências mundiais, na resposta à pandemia de Covid-19.

O que me preocupa mais [nesta altura] é o que tenho sempre dito: A falta de solidariedade. Quando falta solidariedade e estamos divididos, é uma boa oportunidade para o vírus e, por isso, continua a espalhar-se. Precisamos de solidariedade e liderança global, sobretudo das maiores potências”, explicou, numa videoconferência de imprensa realizada a partir da sede da organização, em Genebra, na Suíça.

Na véspera de se completarem seis meses desde a declaração da Covid-19 como pandemia, Tedros Adhanom Ghebreyesus enfatizou os “progressos notáveis” alcançados durante esse período em termos de conhecimento científico. Porém, sublinhou que a OMS precisa de mais fundos para reforçar o desenvolvimento dos mecanismos da resposta mundial ao SARS-CoV-2, o novo coronavírus que provoca a doença Covid-19.

Depois de já ter alertado esta quinta-feira para a falta de dinheiro na reunião do conselho do programa ACT Accelerator — criado em maio para financiar investigações sobre ferramentas médicas contra a pandemia e, posteriormente, distribuí-las em países sem poder aquisitivo para comprá-las em grandes quantidades —, o diretor-geral da OMS vincou que o tempo escasseia para encontrar soluções.

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Os 2.700 milhões de dólares [arrecadados desde o lançamento do ACT Accelerator] são generosos, mas ainda há um fosso de 35.000 milhões. Entre agora e o fim do ano temos uma pequena janela de tempo. Temos de elevar a nossa capacidade”, declarou o responsável, num momento em que a pandemia dá sinais de um recrudescimento em muitos países.

Sobre o aumento do número de novos casos e uma menor mortalidade nesta fase, a epidemiologista da OMS Maria Van Kerkhove justificou a situação com “uma combinação de fatores” e uma evolução nas faixas da população mais afetadas pelo novo coronavírus.

Vemos uma mudança na faixa demográfica dos infetados, com maior número de jovens, e isso é expectável. Numa pandemia, é expectável que os mais vulneráveis sejam os primeiros a ser afetados. Temos de ter cuidado, mesmo que estejamos a ver uma redução da mortalidade, porque não sabemos totalmente os efeitos a longo prazo da infeção por Covid-19″, sentenciou.