Quem estava à espera de um iPhone 12 com ligação 5G não o teve. Terá de esperar mais umas semanas (ou meses). A verdade é que ainda antes de o evento começar, o rumor que circulava era o de que a produção dos novos smartphones da empresa liderada por Tim Cook estava atrasada e que só seriam lançados em outubro. Confirmou-se que o evento anual da Apple terminou sem que fossem divulgados mais iPhones — a marca lançou em abril um novo iPhone SE, considerado o smartphone low-cost, sem aviso prévio.
Apple lançou mesmo um iPhone “low-cost”. O novo SE chega às lojas a 24 de abril
Agora, no evento que tradicionalmente se realiza em setembro, as apostas da Apple parecem estar cada vez mais centradas na saúde. E foi precisamente em torno dos pulsos que orbitaram os anúncios mais sumarentos do evento anual da Apple, o primeiro a ser dirigido ao grande público exclusivamente por vias digitais.
Numa apresentação sem grandes surpresas e a cumprir muitos dos rumores que já circulavam na internet, a Apple reiterou o discurso que Tim Cook já tinha delineado para a marca: fazer uma diferença na qualidade de vida dos utilizadores. Como? A partir de dois novos Apple Watch. As surpresas foram poucas, o evento foi curto (durou cerca de uma hora), mas ainda assim, houve tempo e espaço para quatro novidades. A nova versão do sistema operativo, o iOS 14, chega aos iPhone nesta quarta-feira.
Dois novos Apple Watch voltados para a saúde
Um deles é o Apple Watch Series 6, equipado com um sensor com quatro luzes LED e quatro fotodíodos — um dispositivo que converte a luz em corrente elétrica — que permitem ao relógio determinar os níveis de oxigénio no sangue. Para isso, o sensor emite luzes verdes, vermelhas e infravermelhos para os vasos sanguíneos. Os fotodíados medem a quantidade de luz que é refletida e, a partir daí, o sistema calcula a cor do sangue e a quantidade de oxigénio em circulação. Tudo isto em 15 segundos.
Também o registo dos eletrocardiogramas, alvo de críticas pelos utilizadores dos relógios anteriores, foi desenvolvido para fazer leituras mais precisas em 30 segundos. Segundo a Apple, basta pousar o dedo na coroa digital que, em conjunto com o elétrodo introduzido na parte traseira do relógio, deteterá o ritmo cardíaco. A vantagem é que isto permitirá encontrar sinais precoces de eventuais desordens cardíacas, como fibrilhação auricular ou um padrão de batimentos diferente do normal.
Seguindo a rota de anúncios anteriores, a atividade física também mereceu um lugar de destaque na apresentação do Apple Watch Series 6: o relógio tem agora um novo serviço, o Fitness Plus, que sugere exercícios ao utilizador, aumenta a luminosidade do relógio para permitir leituras mais céleres enquanto pratica desporto, inclui uma biblioteca de músicas e podcasts para o acompanhar; e incentiva à competição para motivar os utilizadores do relógio.
A segunda novidade da Apple é uma versão low-cost destes relógios que une as características físicas do Apple Watch Series 6 com o processador do Series 5 a um preço um pouco mais simpático para a carteira. Chama-se Apple Watch SE, resistente à água a uma profundidade de até 50 metros e, tal como a outra nova aposta da marca, também está equipado com a funcionalidade Fitness Plus. Aliás, a grande diferença entre o Series 6 e o SE é que o primeiro mede eletrocardiogramas e os níveis de oxigénio do sangue, enquanto o segundo é muito mais semelhante ao Series 3 com a performance do Series 5. Ambos ficam disponíveis a 18 de setembro.
Agora vamos a contas. O Apple Watch Series 6 custará entre 439 euros e 519 euros, dependendo da dimensão do relógio e da bracelete escolhida. O preço do Apple Watch SE também varia conforme as características pretendidas e pode oscilar entre os 309 euros e os 389 euros. Com os novos modelos prestes a entrar no mercado, o preço do Apple Watch Series 3 também foi atualizado: entre 229 euros e 259 euros. Qualquer um deles exige que o utilizador tenha um iPhone 6s ou superior com o iOS 14 ou posterior instalado.
Novos iPad e um botão lateral Touch ID
Foi um dos pontos altos do evento — a marca da maçã lançou um novo iPad Air, que está disponível em quatro cores — azul céu, verde, rosa dourado, prateado e cinzento sideral. Em Portugal, só vão estar disponíveis em outubro e vão custar, no mínimo, 679 euros. Este novo modelo vem com uma das principais novidades do evento: faz-se acompanhar de um botão Touch ID lateral (no topo do aparelho), com sensores de biometria incorporados, que serve para bloquear ou desbloquear o iPad. É o primeiro iPad com este tipo de sensor.
Com uma performance que promete ser 40% superior à do modelo anterior, o novo processador do Air é um A14 Bionic. Tudo isto permite fazer gráficos 30% mais rápidos, diz a marca, e utilizar software que aprende com comportamentos padrão (machine learning) 70% mais rápido. Inclui ligações Wi-Fi 6 e a tecnologia 4G LTE Advanced, que a Apple promete ser 60% mais rápida — não, ainda não é desta que vem com 5G.
Em termos de imagem, este iPad (que tem um design muito semelhante ao do iPad Pro) vem com uma câmara traseira de 12 megapixels (tal como a do Pro) e uma câmara frontal (FaceTime HD) com 7 megapixels. A ideia é permitir videochamadas de maior qualidade, sendo que também permite visualizar vídeos com 4K e editá-los diretamente no iPad. O ecrã é um Liquid Retina de 10,9 polegadas com revestimento antirreflexos.
Os novos modelos de iPad (o Air e o IOS 14) vêm adaptados à nova caneta Apple Pencil, de segunda geração, que surge em 2020 renovada, para que seja mais fácil pintar, fazer ilustrações, editar fotos, compor música, tirar apontamentos ou anotar capturas de ecrã. A marca liderada por Tim Cook diz que este é o seu “processador” mais avançado.
Antes de ficarmos a conhecer os modelos Air, a Apple apresentou os novos modelos iPad OS 14, que em Portugal ficam disponíveis a partir de 18 de setembro, em três cores distintas — cinzento sideral, prateado e dourado. O preço dos novos equipamentos começa nos 399 euros. Com um processador A12 Bionic, a Apple promete que este iPad também seja 40% mais rápido a executar tarefas. À semelhança do que acontece em modelos anteriores, permite que se junte um teclado completo Smart Keyboard, um trackpad ou um rato.
Quanto a fotografias, o novo iPad vem com uma câmara traseira e uma frontal, a FaceTime HD, de 8 megapixels e as imagens são apresentadas num ecrã Retina de 10,2 polegadas. Com uma autonomia máxima de 10 horas, o novo iPad vem também com ligação Wi-Fi e 4G LTE Advanced e a Apple diz que a estrutura é feita de alumínio 100% reciclado.
Um sistema operativo a pensar na família e no desporto
Nem só de novo hardware foi feito o evento da Apple desta terça-feira. No domínio do software, o primeiro anúncio foi a disponibilização do Watch OS 7, uma atualização do sistema operativo dos Apple Watch que permitirá que as informações dos relógios de uma família fiquem todos reunidos num só iPhone. A Apple chamou Family Setup a este novo serviço, que tem por objetivo permitir aos tutores gerir a presença online dos filhos menores, controlando os conteúdos a que têm acesso e os contactos que podem estabelecer.
É uma alternativa especialmente concebida para crianças: leva a aplicação Memoji para o universo Apple Watch, incentiva a prática de exercício físico, personaliza as aplicações disponíveis conforme os horários letivos das crianças, permite enviar mesadas através dos relógios e partilhar as localizações dos membros da família a partir da aplicação Find My.
Mas o Watch OS 7 também é um produto para adultos. Traz novas possibilidades para o fundo dos telemóveis, controla a qualidade do sono do utilizador, acompanha melhor a prática de exercício físico graças às atualizações da app Activity e contribui para a saúde auditiva, monitorizado o volume dos auriculares. A Siri também está afinada neste novo sistema operativo: agora faz traduções, faz ditados e procura atalhos para outras aplicações.
Depois, há uma funcionalidade especialmente concebida para a era Covid-19: utilizando os sensores de movimento e o microfone, o relógio detectará se o utilizador estiver a lavar as mãos e inicia uma contagem decrescente de 20 segundos — o tempo recomendado pelas autoridades de saúde para eliminar o novo coronavírus das mãos. Além disso, o sistema operativo permite ao relógio recordar ao utilizador quando deve lavar as mãos.
Todas estas novidades podem ser descarregadas a partir de quarta-feira. Outras terão de esperar pelo final do ano, como o serviço Apple Fitness+, especialmente concebido para o Apple Watch mas que também estará disponível no iPhone, iPad e Apple TV e que custará 9,99 dólares por mês ou 79,99 dólares ao ano — um preço que pode ser repartido por seis pessoas. Ainda não se sabe, no entanto, quanto custará em Portugal.
O serviço Apple Fitness+ inclui um catálogo de exercícios gravados em vídeos por treinadores, sugere músicas para acompanhar a prática desportiva (sugestões essas que vão sendo apuradas conforme os gostos do cliente) e transfere as métricas captadas pelo relógio para o iPad, iPhone ou Apple TV para uma maior motivação e um menor tempo perdido a espreitar as estatísticas.
Por fim, chegou também o Apple One, um pacote que reúne os serviços pagos da Apple (em Portugal, são Apple Music, Apple TV+, Apple Arcade e iCloud) numa única subscrição. O plano individual custará 11,95 euros por mês e inclui até 50 GB de armazenamento; enquanto o plano Família, ideal para um máximo de seis pessoas, custa 16,95 euros por mês e possibilita até 200 GB de armazenamento. O pacote ficará disponível a partir do próximo mês.