A Direção-Geral da Saúde admite encurtar o período de isolamento para as pessoas contagiadas pela Covid-19 de 14 para 10 dias. Na habitual conferência de imprensa, num dia em que Portugal voltou a registar mais de 600 casos positivos nas últimas 24 horas, Graça Freitas afirmou que parece existir um “consenso” relativamente ao 10º dia (em detrimento dos 14 atualmente previstos para a quarenta em caso de infeção).
O tema está a ser estudado e “acompanhado” pela DGS e respetivos peritos em infeciologia, muito embora a maior parte dos países ainda não tenha decidido passar de 14 para 10 dias de isolamento. “São decisões complexas”, afirmou, não descurando que a alteração seria uma “boa notícia”. “Se conseguíssemos encurtar o período de isolamento, as pessoas retomariam a sua vida mais cedo.”
Outro assunto a marcar a conferência foi a peregrinação a Fátima no passado dia 13 de setembro e já com o 13 de outubro no horizonte. Referindo-se a estes momentos, Graça Freitas afirmou que foi pedida uma audiência com o secretário de estado da Saúde e que a “Direção-Geral da Saúde não sabe onde é que surgiu o número 55 mil [pessoas]”.
Milhares de pessoas em Fátima na peregrinação do 13 de setembro. Santuário atingiu lotação máxima
“Não nos chegou nenhum pedido de parecer, não nos chegou nenhum plano de contingência, não nos chegou nenhuma planta do santuário, portanto, não nos parece expectável, estando nós com uma pandemia a subir, que seja possível o número de 55 mil pessoas num santuário.” Graça Freitas falou inclusivamente numa “apreciação feita precocemente”.
Já sobre os casos de jogadores infetados na I Liga— numa altura em que são já 10 os casos de Covid-19 no Sporting —, a diretora-geral da saúde insistiu que a responsabilidade de avaliar as condições para determinar se um jogo se realiza ou não é da autoridade de saúde local, a qual pode dialogar com a autoridade regional e essa, por sua vez, com a nacional. Afirmou ainda que os colegas que “estão a acompanhar o Gil Vicente e o Sporting estão fazer tudo para ver se há condições para que a Primeira Liga se inicie no dia e na hora em que está programada.”
“Se houver é um adiamento do jogo, não é parar a Primeira Liga, os outros jogos continuarão a realizar-se.” Adiantou ainda que esta é uma situação que está a ser acompanhada de perto.
Casos de infeção na comunidade educativa estão “dentro do expetável”
Graça Freitas admitiu que têm existido casos positivos e isolados na comunidade escolar, alguns dos quais aconteceram ainda antes da abertura formal das escolas, quando foram detetados casos em professores e em alunos.
Isso é expetável, não estamos perante uma situação que não estivéssemos à espera. (…) Há escolas que já abrem sabendo que uma turma ou que uma aula vai começar o ano letivo mais tarde e ter acesso a outro tipo de ensino. Isso está dentro do expetável”, afirmou.
Há casos na comunidade educativa, disse, mas nada fora do normal, “nada de extraordinário a reportar”.
Jovens belgas infetados: “Não há nenhuma garantia que tenha sido a partir de um residente em Portugal”
Sobre as dezenas de jovens belgas infetados após terem passado um período de férias no Algarve, Graça Freitas afirmou que a situação foi detetada depois destes terem regressado à Bélgica. “Faziam parte de um grupo que viajava de forma organizada. Muitos deles partilhavam o mesmo alojamento.”
Covid-19. Pelo menos 67 jovens belgas infetados após férias em Albufeira
Assegurando que as autoridades locais vão proceder a uma investigação “retrospetiva”, Graça Freitas admitiu que “o primeiro caso deste surto pode até já ter vindo de algum jovem belga daquele grupo grande que se alojou em Albufeira” e que, por isso, pode “não ter tido origem em Portugal”.
Não quer dizer que estas pessoas que adoeceram em Portugal, dado o período da incubação da doença e dado que muitas têm doença assintomática, tenham contraído a partir de uma pessoa que está residente em Portugal”, continuou.
“Não há nenhuma garantia que tenha sido a partir de um residente em Portugal. Sabemos que os organizadores destas viagens já admitiram que estes jovens não terão cumprido as regras de segurança.”
Atualmente existem 290 surtos ativos em Portugal: 146 no Norte, 20 no Centro, 95 em Lisboa e Vale do Tejo, 11 no Alentejo e 17 nos Açores.