A União Europeia pediu esta terça-feira aos britânicos que “parem com jogos” se ainda querem alcançar um acordo sobre as relações futuras, reiterando que é “totalmente inaceitável” a proposta de lei que revoga certos compromissos do Acordo de Saída.

À entrada para um Conselho de Assuntos Gerais, em Bruxelas, o ministro dos Assuntos Europeus da Alemanha — país que assegura a presidência rotativa do Conselho da UE neste segundo semestre — assumiu que os 27 estão “mesmo, mesmo desapontados com os resultados das negociações até ao momento”, e designadamente com a recente proposta de lei polémica avançada pelo Governo de Boris Johnson que “viola princípios orientadores” do acordo de saída do Reino Unido do bloco europeu, celebrado entre as duas partes em 2019.

“A chamada proposta de lei do mercado interno preocupa-nos extremamente, porque viola os princípios orientadores do Acordo de Saída, e isso é totalmente inaceitável para nós”, afirmou Michael Roth.

Apontando que a reunião de esta terça-feira dos 27 reiterará o “forte apoio” ao negociador-chefe da UE para as relações futuras com o Reino Unido, Michel Barnier, assim como “o forte compromisso” do bloco europeu em chegar a um “acordo justo” com Londres, “baseado na confiança”, o responsável alemão apelou então aos britânicos que parem de “jogar”, pois já não há tempo para tal. “Por favor, caros amigos em Londres, parem com jogos. O tempo está a esgotar-se. O que precisamos é de uma base justa para prosseguir as negociações” sobre as futuras relações, afirmou Roth.

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A polémica proposta de lei que reverte parcialmente certos compromissos assumidos no Acordo de Saída do Reino Unido da UE, e que o próprio Governo britânico admite que viola o direito internacional, passou a primeira votação no Parlamento britânico na semana passada, apesar da contestação de vários deputados conservadores, tendo sido aprovado por 340 votos a favor e 263 contra. Ameaçando uma ação legal, Bruxelas deu a Londres até final do mês de setembro para retirar a proposta polémica, que coloca em causa as regras aduaneiras para a Irlanda do Norte destinadas, em particular, a evitar o restabelecimento de uma fronteira físico entre a República da Irlanda, membro da UE, e a província britânica.

“Prefiro ter proteções que garantam a integridade deste país e protejam contra uma potencial rutura do Reino Unido”, contrapôs Boris Johnson, que acusou a UE de falta de “boa-fé” e “senso comum” nas negociações pós-Brexit. As duas partes continuam a tentar negociar um acordo sobre a sua futura relação comercial, mas as últimas negociações não resultaram em grandes avanços.

Meados de outubro é considerado o prazo para alcançar um entendimento, senão a ausência de um acordo resultará em tarifas aduaneiras no comércio entre o Reino Unido e o bloco europeu a partir de 01 de janeiro de 2021.