O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, confrontado com um número crescente de casos da Covid-19 nos últimos dias, em particular na região da Ática, admitiu esta quinta-feira um novo confinamento, caso não sejam respeitadas as medidas em vigor.

“Há um novo aumento do coronavírus” e “o dilema é atualmente autoproteção ou confinamento”, preveniu o primeiro-ministro durante uma intervenção pela televisão e na qual sublinhou ser necessário escolher a primeira opção devido às repercussões negativas do confinamento.

O primeiro-ministro conservador apelou à população que respeite “as medidas de distanciamento” e sobretudo “o uso da máscara em todos os espaços fechados e o alargamento do teletrabalho”.

Apesar de menos atingida em comparação com outros países europeus, a Grécia (10,9 milhões de habitantes) registou nos últimos dias um aumento dos casos do novo coronavírus, com uma média que atinge mais de 300 infetados.

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O país registou oficialmente até ao presente 16.627 casos, com mais de 10.000 nos últimos meses. O número total de mortos desde o surgimento da pandemia no final de fevereiro ascende a 366 pessoas, com um registo de nove óbitos desde quarta-feira.

“Atendendo ao regresso da ameaça apelo a uma nova vigilância, sem impor novas medidas mas respeitando as existentes”, em particular nas regiões mais atingidas como a Ática, sublinhou Mitsotakis na sua alocução de dez minutos.

Devido a um frágil sistema hospitalar, em particular após as duras medidas de austeridade impostas pelos credores internacionais na sequência da “crise da dívida” (2010-2018), a Grécia adotou no final de março um estrito confinamento geral durante seis semanas, antes do regresso à “normalidade” no início de maio.

Os sindicatos e pessoal hospitalar têm manifestado preocupação pelo aumento do número de pessoas nos cuidados intensivos e ligados a um ventilador, cerca de 70 atualmente.

“Nos hospitais tínhamos 580 doentes com Covid-19, cuja idade média é 68 anos e nas unidades de cuidados intensivos há mesmo jovens de 17 anos”, indicou na quarta-feira Matina Pagoni, presidente da União dos médicos de Atenas e do Pireu, para sublinhar que alguns hospitais da capital estão superlotados.

No entanto, o primeiro-ministro assegurou que “os hospitais não atingiram os seus limites” e que estão previstas “camas suplementares” em alguns hospitais.

Esta quinta-feira, a União Europeia apelou aos Estados-membros para reforçarem “imediatamente” as medidas de controlo face aos novos focos da epidemia da Covid-19, um dia após o anúncio de novas restrições em França.