Há cada vez mais mulheres no mercado de trabalho e a tendência, ao que parece, é que venham a ser a maioria da força de trabalho em Portugal. O Jornal de Negócios analisa dados recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) que mostram que já só são 28,3 mil o número de empregos que separam as mulheres dos homens — nunca a diferença foi tão curta.

Em julho deste ano Portugal tinha 4,67 milhões de pessoas empregadas e, desse valor, 49,7% eram mulheres. Valor que terá aumentado à conta da crise económica, cenário que, olhando para recessões anteriores, costuma sempre ser mais negativo para os homens (mais facilmente perdem o emprego em situações de crise). Porquê? Uma junção de três fatores, afirmam Francisco Madelino, professor no ISCTE, e João Cerejeira, professor da Universidade do Minho: o aumento da taxa de atividade das mulheres, a sua maior escolaridade e a desigualdade nas dinâmicas dos vários setores económicos.

Olhando para os dados do desemprego reunidos desde o mês de fevereiro vê-se que no total já desapareceram 167 mil postos de trabalho, sendo que 104 mil desse total (62%) eram desempenhados por homens. A evolução deste indicador foi, contudo, desigual: em março, por exemplo, foram as mulheres as mais afetadas pela perda de emprego. Contudo, a situação inverteu-se rapidamente já que logo em abril os homens perderam muito mais empregos e nos meses seguintes o número de mulheres empregadas foi subindo ao contrário do que sucedeu com os homens.

Contudo, os dados mais recentes do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social sobre a disparidade salarial entre géneros mostra que em 2018 os homens ganhavam em média mais 14% que as mulheres (valor que tinha diminuído em 0,4% face ao período homólogo). A remuneração base média mensal registada nessa altura foi de 1.034,9 euros para os homens, enquanto a das mulheres foi de 886 euros — uma diferença de 148,9 euros, menos 80 cêntimos do que em 2017.

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