A Gronelândia vai derreter este século ao maior ritmo dos últimos 12.000 anos. A conclusão é de um estudo publicado na revista Nature, que adianta um outro dado preocupante: esse degelo pode fazer aumentar o nível das águas do mar entre 2,4 e 9,9 centímetros. Mais: no pior dos cenários, o gelo do território “pode ter desaparecido completamente em apenas mil anos“.
A equipa de investigadores de universidades dos EUA e do Canadá traçou vários cenários, tendo em conta os vários períodos geológicos. A massa de gelo da Gronelândia teve a maior perda — de 6,1 mil milhões de toneladas por século — há entre 10.000 e 7.000, o maior número de sempre. As simulações para este século levam a crer que essa perda possa ir dos 8,8 mil milhões aos 35,9 mil milhões de toneladas.
“Alterámos tanto o nosso planeta que o ritmo de degelo este século está a caminho de serem maiores do que alguma vez vimos nos últimos 12.000 anos”, disse ao The Guardian, Jason Briner, professor de Geologia na Universidade de Buffalo e um dos autores do estudo. Se o aquecimento global se mantiver, a camada de gelo poderá desaparecer em mil anos.
Os investigadores frisam, no entanto, que é necessária mais informação para afirmar se se trata de uma tendência ou se é uma alteração normal ao longo dos séculos.
Estamos cada vez mais certos de que estamos prestes a assistir a um ritmo sem precedentes de perda de gelo da Gronelândia, a menos que as emissões de gases de efeito estufa sejam substancialmente reduzidas”, escreveu Andy Aschwanden, do Instituto Geofísico da University of Alaska Fairbanks.
Estas descobertas mostram os efeitos das alterações climáticas no planeta terra. Na semana passada, uma equipa de cientistas já tinha concluído que o degelo da Antártida iria continuar, mesmo que fossem cumpridas as metas do Acordo de Paris — de garantir que a temperatura média não sobe mais do que dois 2ºC.
O gelo do Ártico também derrete a um ritmo acelerado: em 40 anos que não havia um verão com tão pouco gelo.