Ainda “há folga” relativamente ao tratamento da Covid-19 nos hospitais. É, pelo menos, o que afirmou Diogo Serras Lopes, secretário de Estado da Saúde, na habitual conferência de imprensa desta sexta-feira, apesar de a taxa de ocupação estar “entre os 70% e 80%”. Até porque, referiu, os hospitais têm agora 1855 ventiladores, face aos 1142 que tinham no início da pandemia — dos ventiladores adquiridos pelo Governo, 966 já foram entregues e, destes, 713 já estão nos hospitais.
Os números dizem respeito não só a compras, mas também a doações e equipamentos que foram recuperados. “Os que faltam estão a ser testados e em vias de ser distribuídos”, disse o governante. Desta forma, o Governo não espera ter de comprar mais ventiladores. “Não antevemos que seja necessária uma aquisição centralizada”, disse Diogo Serras Lopes, adiantando que essa necessidade estará “sempre em avaliação”.
Otimista está também a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, que revelou que o número de surtos ativos no país é “bastante inferior ao de outros períodos”. Portugal tinha até à meia-noite passada 344 surtos ativos: 125 na região Norte, 35 no Centro, 142 em Lisboa e Vale do Tejo, 20 no Alentejo e 22 no Algarve. “Um número bastante inferior ao de outros períodos. Felizmente tem havido uma redução”, afirmou Graça Freitas.
Pessoas dos 20 aos 59 são as mais afetadas pela Covid-19
Analisando os números da semana passada, a diretora-geral da Saúde adiantou que 16% dos casos de infeção da última semana foram registados na faixa etária dos 20 aos 29 anos; 17% na faixa dos 30 a 39; 15% na faixa dos 40 a 49 e 13% na faixa dos 50 a 59. “Mantém-se o grupo dos 20 aos 59 como aquele que está a ser mais afetado”, diz Graça Freitas, adiantando que “acima dos 70, neste momento, 15% de pessoas doentes” — um número que tem estado entre os 12 e os 15%.
Linha SNS 24 com “pressão muito forte” em setembro
No dia em que faz sete meses desde que foram registados os primeiros casos de Covid-19 em Portugal, Diogo Serras Lopes, aproveitou para realçar “uma das peças que foi e continua a ser essencial”: a Linha SNS 24. O governante revelou que o número de chamadas atendidas aumentou 82% em 2020, face aos 24% de 2019 e 39% de 2018. Serras Lopes adiantou também que serão reforçados os centros de atendimento de chamadas, passando o número de profissionais de “1350 para dois mil durante ainda ao outono”.
Até ao início da pandemia, o mês com mais chamadas atendidas pela linha SNS 24 tinha sido o de janeiro de 2019, com cerca de 200 mil atendidas. “Este ano, esse número foi ultrapassado em vários meses, tendo sido ultrapassada em dois meses a barreira das 300 mil chamadas“, detalhou Luís Goes Pinheiro, presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, que também esteve presente na conferência de imprensa.
O responsável adiantou que um desses meses foi março — o mês em que foram atendidas mais chamadas desde sempre, 380 mil. No entanto, a linha voltou a sentir “pressão muito forte” em setembro, com mais de 300 mil chamadas atendidas.
Na segunda-feira tivemos o recorde de triagens feitas por enfermeiros, com mais de 10 mil e 200”, adiantou.
Ao contrário do que aconteceu em março em que os tempos médios de espera da chamada na linha SNS 24 “dispararam”, mas em setembro esse valor tem se mantido “muito estável”, disse ainda Luís Goes Pinheiro. O responsável adianta ainda que, se for excluído o mês de março, o tempo médio de espera é de 52 segundos.
Só 107 pessoas infetadas se registaram na app Stayaway Covid
O número de downloads da aplicação Stayaway Covid já vai em 1 milhão e 264 mil. Luís Goes Pinheiro adiantou que já foram introduzidos 107 códigos na aplicação de pessoas cujo resultado do teste foi positivo.
Mais: já 106 pessoas ligaram para a linha SNS24 depois de terem recebido uma notificação através da aplicação Stayaway Covid, por terem sido considerados contactos de alto risco. Isto é, terem estado pelo menos 15 minutos a menos de dois metros de distância de uma pessoa infetada e que inseriu o código na app.