“100 Anos Nadir, Inéditos” é a exposição que marca o centenário do nascimento do pintor Nadir Afonso (1920-2013), antigo aluno de Belas Artes e Doutor Honoris Causa da Universidade do Porto. “Trata-se de uma exposição simbólica e didática que faz a ponte entre o pensamento e a obra de Nadir”, explica o curador da exposição e também professor na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, António Quadros Ferreira.
Numa viagem pelo reportório estético e teórico daquele que é considerado um dos artistas plástico modernistas mais relevantes da segunda metade do século XX, a mostra é preenchida com trabalhos inéditos, entre 7 pinturas, 8 guaches e cerca de 110 estudos, de 1938 a 2011, ou seja, do seu período académico até quase ao final da sua vida, divulgado agora pela primeira vez.
“Existe ainda um grande desconhecimento da obra de Nadir, que além de pintor era arquiteto. A arquitetura para ele foi uma espécie de atividade subsidiaria para experimentação da pintura. Principalmente enquanto pintor ele foi um homem da diáspora do mundo, foi o pintor nómada do pensamento. O pensamento em Nadir Afonso é aquilo que está por detrás da sua atividade multidisciplinar”, sublinha o curador da exposição ao Observador.
Com uma “inquietação interrogante”, a obra do artista encontra-se dividida em quatro salas, representando várias fases cronológicas do seu percurso. A primeira mostra quatro vitrinas com trabalhos do seu tempo de aluno na Escola de Belas Artes e experimentações que foi fazendo entre o Porto e Paris, onde chegou em 1946 para estudar pintura.
Na segunda sala está exposta a única peça que não é inédita na exposição, “mas que teria de fazer parte dela para conhecermos Nadir Afonso”. Trata-se da pintura/instalação “Máquina Cinética”, exposta pela primeira vez em Paris em 1956, nela estão dez telas da série Espacillimité, onde reinam as construções geométricas coloridas dos anos 40 e 50 e o tema das cidades.
O terceiro espaço é marcado por sete pinturas originais e inéditas, sendo que uma tem maior dimensão, chama-se “Da Ocidental Praia Lusitana”, foi criada em 2012 e terá sido uma das últimas obras do artista. Na última sala da exposição é possível conhecer parte da sua biblioteca pessoal, 18 guaches e três documentários sobre o seu trajeto.
O programa comemorativo inclui ainda mesas redondas temáticas, oficinas para famílias, visitas guiadas, o lançamento de quatro volumes, alguns traduzidos pela primeira vez, que integram o trabalho teórico do pintor e a atribuição de um prémio de 1000 euros, que distingue trabalhos multimédia que tenham como ponto de partida a obra plástica do artista natural de Chaves. “100 Anos Nadir, Inéditos” tem entrada gratuita e pode ser vista até dia 23 de dezembro na Reitoria da universidade do Porto.