Investigadores acreditam que vários estudantes indicaram por dinheiro quem era o professor Samuel Paty ao jihadista que o decapitou na sexta-feira ao lado da escola onde trabalhava na região de Paris.
O ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, declarou esta terça-feira que “há elementos” que sugerem esta possibilidade, sendo que quatro estudantes foram detidos — um quinto estudante foi libertado sem acusações — devido a suspeitas de estarem implicados no desenvolvimento do ataque.
Em entrevista ao canal “BFMTV”, Blanquer sublinhou que, a ser verdade, “seria gravíssimo” e demonstraria “a penetração entre os mais jovens de uma certa visão de mundo”, a do “islamismo fundamentalista” através das redes sociais e de certas organizações.
Abdouallakh Anzorov, o assassino de 18 anos de origem chechena que tinha estatuto de refugiado em França como outros membros de sua família, chegou na sexta-feira de Evreux, onde vivia, à cidade de Conflans-Sainte-Honorine, onde os factos ocorreram, sem conhecer Paty pessoalmente.
Os primeiros elementos sugerem que tenha sido criada uma polémica por meio de mensagens publicadas nas redes sociais por alguns pais de alunos da escola depois de o professor ter exibido caricaturas do profeta Maomé numa aula sobre liberdade de expressão.
Em particular, o pai de uma aluna publicou um vídeo acusatório e lançou uma campanha contra o professor, com a qual afirmava querer que o docente fosse punido.
Blanquer adiantou que, na homenagem nacional que será prestada na quarta-feira na Universidade da Sorbonne, Paty será condecorado postumamente com a Legião de Honra, a mais alta distinção oficial da França, e será nomeado membro da Ordem das Palmas Académicas (Ordre des Palmes Académiques).
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Em 2 de novembro, no retorno das férias escolares de outono, todas as escolas na França observarão um minuto de silêncio em memória de Paty e os alunos que não o respeitarem serão sancionados.
Além disso, o Ministério prepara uma “sequência educativa” em que professores, mas também advogados e jornalistas, falarão sobre laicidade, liberdade de expressão e respeito aos professores.
Jean-Michel Blanquer assinalou que existe uma “contra-ofensiva da República”.
Por outro lado, na manhã desta terça-feira, a ministra responsável pela Cidadania, Marlène Schiappa, recebe dirigentes de diferentes redes e plataformas sociais (como Twitter, Facebook ou Snapchat) para abordar o tema da luta contra a propagação do fundamentalismo islamita.
As autoridades francesas lançaram na segunda-feira várias operações contra um alegado movimento extremista islâmico e prometeram “uma guerra contra os inimigos da República”, três dias depois do homicídio, na sexta-feira, de Samuel Paty.
Pelo menos 15 pessoas, incluindo quatro estudantes, estão detidas pela polícia e a ser interrogadas pelas autoridades antiterrorismo para tentar estabelecer um elo entre estes suspeitos e o alegado homicida, que acabou por morrer baleado pela polícia.
O homicídio ocorreu pelas 17h00 locais (16h00 em Lisboa) de sexta-feira, nas imediações do colégio de Bois d’Aulne, em Conflans-Sainte-Honorine, nos arredores de Paris.