A Federação Nacional dos Sindicatos dos Enfermeiros (FENSE) pediu esta sexta-feira ao Presidente da República para que sensibilize o Governo para pôr fim ao boletim epidemiológico diário sobre a Covid-19, considerando que esta informação produz um efeito negativo na população.

“Deve-se acabar com o boletim epidemiológico porque a informação é tão constante, absorvente e inútil que produz diretamente um efeito negativo na população que não vai aos hospitais e centros de saúde”, disse aos jornalistas o porta-voz da FENSE, José Correia Azevedo, no final de uma audiência com o Presidente da República.

José Correia Azevedo considerou que a informação que consta do boletim, número de mortos e novos caos, é “de tal maneira prejudicial que as pessoas esquecem-se que têm patologias muito mais agressivas do que aquelas que a Covid-19 comporta”.

O porta-voz da FENSE pediu a Marcelo Rebelo de Sousa para sensibilizar o Governo para “acabar imediatamente” com o boletim epidemiológico. O sindicalista referiu que há doentes a fazer tratamentos de doenças graves com medo de ir aos hospitais porque “têm medo de serem contagiados”.

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José Correia Azevedo defendeu que não se deve acabar com as estatísticas, mas seria importante ter um certo cuidado na sua divulgação. A audiência da Federação Nacional dos Sindicatos dos Enfermeiros decorreu no âmbito de uma ronda que o Presidente da República está a realizar sobre o desenvolvimento da pandemia de Covid-19 em Portugal, com várias personalidades ligadas ao setor da Saúde e setor social e que já incluíram ex-ministros, ordens profissionais, sindicatos e associações.

A FENSE foi a segunda estrutura que o chefe de Estado recebeu esta sexta-feira à tarde, depois do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.

Portugal ultrapassou esta sexta-feira todos os recordes desde o início da pandemia covid-19 com o registo de 40 mortos, 4.656 infetados nas últimas 24 horas e 1.927 doentes internados, 275 dos quais em cuidados intensivos, segundo a Direção-Geral da Saúde.

De acordo com o boletim epidemiológico da DGS divulgado esta sexta-feira, Portugal, que regista o número mais elevado de novos casos desde março, início da pandemia, contabiliza 137.272 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus e 2.468 óbitos.