Fábio Silva chegou a Inglaterra no início de setembro. Custou 40 milhões ao Wolverhampton, deixou o FC Porto onde se formou e onde foi campeão na época passada e integrou o maior contingente português da Premier League. Aos 18 anos, chegou a uma equipa onde Raúl Jiménez é a referência ofensiva, onde Pedro Neto ganha cada vez mais espaço no ataque e onde não deixa de ser visto como o herdeiro do legado que Diogo Jota deixou órfão quando saiu para o Liverpool. A etapa inicial, porém, não está a ser fácil.

O jovem avançado estreou-se a titular num jogo complicado contra o Stoke City, que acabou com a eliminação do Wolverhampton da Taça da Liga e onde ficaram principalmente visíveis as dificuldades físicas que ainda tem, em comparação com os colegas e os adversários. Fábio Silva ganhou apenas três dos 21 duelos individuais que disputou e foi tido como uma das caras da derrota embrionária da equipa de Nuno Espírito Santo. Mas o treinador português continua a acreditar no potencial do internacional Sub-19 por Portugal.

“Ele está a trabalhar muito. Cada minuto do treino tem de ser útil. Ele tem estado envolvido nos últimos jogos mas não nos melhores momentos, não com resultados favoráveis, por isso, é difícil. É um goleador e pode ajudar-nos. Mas precisa de tempo. Em Compton [centro de estágios] está a dar-se muito bem. Tem a equipa para o ajudar e está a começar a falar melhor inglês para comunicar melhor. Tem de ser passo a passo mas ele vai lá chegar”, explicou Espírito Santo, acrescentando que exige a todos os jogadores que falem inglês, independentemente da nacionalidade.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Tudo é novo para ele. O Fábio esteve em alguns jogos na Primeira Liga, em Portugal, saiu-se bem mas não tem experiência suficiente. Ele é muito novo e fisicamente está a sentir isso, especialmente no jogo contra o Stoke. Mas está a preparar-se, está a perceber, com a nossa ajuda, aquilo que tem de fazer para tirar vantagem do talento que tem. Tem de melhorar, tem de crescer e tem de competir. Mas vai estar pronto”, concluiu o treinador português na antevisão à receção desta sexta-feira ao Crystal Palace, onde o Wolves tentava regressar às vitórias depois do empate do fim de semana com o Newcastle.

Com Rui Patrício, Nélson Semedo, Rúben Neves, Podence e Pedro Neto no onze, era o nome menos conhecido de Rayan Aït-Nouri que esta sexta-feira saltava à vista na equipa do Wolverhampton. O jovem francês de 19 anos, que está em Inglaterra emprestado pelos franceses do Angers, estreava-se pela equipa de Nuno Espírito Santo e logo a titular, graças à lesão de última hora de Marçal. E não demorou muito a deixar a própria marca no jogo de estreia.

Ainda antes de estarem cumpridos 20 minutos da partida, Aït-Nouri abriu o marcador no Moulineux: o lateral apareceu na esquerda a rematar de primeira, de fora da grande área, depois de um cruzamento inicial de Podence que foi desviado pela defesa do Palace (18′). O jovem francês fez o primeiro golo na Premier League no primeiro jogo na liga inglesa e foi obviamente congratulado pelos colegas de equipa — assim como por Nuno Espírito Santo, que não escondeu o enorme sorriso. Antes do intervalo, Podence ainda acrescentou um golo à assistência, ao surgir ao segundo poste depois de um cruzamento de Pedro Neto na direita (27′), e aumentou a vantagem do Wolves.

João Moutinho, Adama Traoré e Fábio Silva ainda entraram na segunda parte, Milivojević foi expulso e deixou o Palace reduzido a dez elementos mas o resultado não voltou a alterar-se, com o Wolves a conseguir regressar às vitórias e a subir, ainda que provisoriamente, ao terceiro lugar da Premier League. Podence assistiu e marcou mas os sorrisos estavam reservados para o homem do dia: Rayan Aït-Nouri, que pode ter começado esta sexta-feira uma bonita história.