A ONU acusou esta segunda-feira as autoridades bielorrussas de fazerem detenções arbitrárias e torturarem manifestantes que estão em protesto desde o início de agosto contra a reeleição que consideram fraudulenta do Presidente Alexandre Lukashenko.

A pedido do representante permanente da França na ONU em Genebra, François Rivasseau, vários diplomatas sucederam-se a exigir às autoridades de Minsk que ponham fim à repressão, libertem os manifestantes detidos e investiguem as acusações de tortura e de maus tratos.

“A França reitera o seu apelo às autoridades bielorrussas para que libertem todos os presos políticos e todas as pessoas detidas arbitrariamente, investiguem, aprofundadamente, todas as violações dos Direitos Humanos e cooperem no quadro do mecanismo de Moscovo da OSCE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento da Europa]”, declarou o diplomata francês, perante uma sala do plenário quase vazia, devido à pandemia de Covid-19.

“Estamos muito preocupados com o uso constante de violência, de intimidação e da repressão contra o povo bielorrusso”, indicou, por seu lado, por videoconferência, o embaixador permanente dos Estados Unidos na ONU em Genebra, Andrew Bremberg.

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A Bielorrússia submeteu-se esta segunda-feira à Revisão Periódica Universal (RPU), um processo que avalia o desempenho dos países em matéria de direitos humanos sob a liderança do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. A partir de Minsk, também por videoconferência, as autoridades bielorrussas defenderam-se, alegando que reagiram de “forma apropriada” a “atos ilegais”.

Depois da sua contestada reeleição, a 9 de agosto, o Presidente bielorrusso, 66 anos, há 26 no poder, enfrenta um movimento de protesto inédito, que reúne semanalmente dezenas de milhares de manifestantes, apesar da violência policial e dos milhares de detenções.

O representante bielorrusso na ONU, Youri Ambrazevirch, admitiu que “existem alguns problemas que necessitam de ser trabalhados”, salientando, no entanto, que só é possível obter progressos num quadro de respeito mútuo, sem pressões externas, de chantagens e impondo condições.

A Bielorrússia recebeu o apoio da Rússia durante a sessão, bem como de outros países da sua esfera política, que insistiram para que a comunidade internacional “evite interferir nos assuntos internos de um país soberano”.