Uma equipa de investigadores do Instituto de Imunologia La Jolla, na Califórnia, verificou que na resposta imunitária à infeção com SARS-CoV-2, as células T sofreram uma diminuição leve e lenta no corpo ao longo do tempo, enquanto as células B aumentaram em número — uma descoberta inesperada que os investigadores não sabem ainda explicar.
Os resultados foram publicados numa plataforma de pré-publicações e ainda não foi revista por cientistas independentes. Os investigadores verificaram que, além da presença de células do sistema imunitário, os anticorpos mostravam-se duradouros, com diminuições modestas em seis a oito meses após a infeção, embora houvesse uma diferença nos níveis de anticorpos entre os participantes.
De acordo com o estudo, oito meses após serem infetadas, a maioria das pessoas que recuperou ainda apresenta células imunológicas suficientes para prevenir a doença provocada pelo novo coronavírus. Os dados foram recolhidos após análise ao sangue de várias pessoas previamente infetadas, concluindo que os anticorpos desenvolvidos podem persistir no corpo por muito tempo.
A investigação contou com a participação de 185 voluntários, com idades entre os 19 e os 81 anos, que recuperaram da Covid-19. A maioria apresentou sintomas leves, que não exigiu a sua hospitalização, tendo fornecido apenas uma amostra de sangue, mas outros 38 voluntários forneceram várias amostras ao longo de muitos meses.
A equipa liderada por Shane Crotty e Alessandro Sette acompanhou quatro componentes do sistema imunológico: anticorpos; células B que produzem mais anticorpos conforme necessário; e dois tipos de células T que matam outras células infetadas. A ideia era construir uma imagem da resposta imunológica ao longo do tempo, observando os seus constituintes.
Em declarações ao The New York Times, o virologista Shane Crotty alegou que a quantidade de memória imunológica verificada “provavelmente impediria a grande maioria das pessoas de contrair a doença de forma grave ou de serem hospitalizadas durante muitos anos”.
É difícil prever exatamente quanto tempo dura a imunidade, porque os cientistas ainda não sabem que níveis de células do sistema imunológico são necessários para as pessoas se protegerem do vírus. Mas com este estudo, parece haver a convicção de que mesmo um pequeno número de anticorpos ou células T e B pode ser suficiente para proteger aqueles que recuperaram.