Chegou a Portugal quase por acaso, entrou no futebol quase por destino. Quando tinha seis/sete anos, Eric Dier e a família deixaram Inglaterra e mudaram-se para Portugal. Viveram primeiro em Lagos, mudaram-se um ano e meio depois para a zona de Cascais, quando a mãe foi convidada para ficar responsável pela parte da hospitalidade no Euro-2004. O “ruço”, como foi depois tratado na Academia, foi convidado a ir a um treino de captação do Sporting em Pina Manique quando estudava na Escola Preparatória Internacional, em Carcavelos. Ficou no clube, seguiu os passos do avô e do tio-avô (o pai foi tenista profissional sem grande trajeto mas capaz de jogar Wimbledon em pares) e fez toda a formação nos leões, saindo em 2013 para o Tottenham. Hoje, aos 26 anos, é internacional inglês, um dos indiscutíveis de José Mourinho e, em paralelo, um empreendedor em crescimento.

Uma viagem entre Lagos, Sporting e a final da Champions: como Eric Dier, o “ruço inglês”, se tornou um Quadro de Honra made in Portugal

“O que é a Spotlas? É uma aplicação que permite que sigamos familiares e amigos que partilham os melhores locais por onde vão passando no mundo. Hotéis, praias, restaurantes, bares, locais para ir…”, começou por explicar Patrick Dier, irmão do central dos spurs, co-fundador e CEO da empresa. “Uma amiga nossa, a Zoe [Connick] teve a ideia nos últimos meses da universidade, quando descobriu um café que adorava pouco antes de se ir embora. A partir daí fomos tentando encontrar soluções entre o Google Maps e o Instagram. Gostámos da ideia porque é algo que não fica apenas pelos restaurantes. No início é um grande desafio, perceber como é complicado desenvolver a ideia, como se pode fazer. O mais difícil é não ser técnico e montar uma equipa mas em termos conceptuais o que fazemos é confiar uma visão, a nossa visão, a uma equipa que criamos”, destacou.

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“Foi uma ideia a que nos ligámos logo. Este era um problema que também tínhamos, era algo comum a toda a gente. Como cresci em Lisboa, todos me faziam perguntas, toda a gente perguntava sobre restaurantes, bares, onde ir. Tinha isso numa lista, agora está tudo numa plataforma para juntar a informação e permitir que as pessoas possam também interagir para que a experiência seja ainda melhor. Até aqui em Londres, vamos sempre aos mesmos sítios mas desde que lançámos a app tivemos uma grande experiência, assim como em Lisboa, onde cresci, existem vários locais onde nunca tinha ido. Percebi que não basta passar de boca”, contou Eric Dier.

“Só dou a cara? Não, não, ideia errada. Desde o início que investi tempo e esforço também. Tentamos encontrar-nos pelo menos uma vez por semana para rever ideias, o conceito, desde o início. Estou a adorar a experiência. O futebol exige muito, tenho um calendário complicado mas conseguimos fazer tudo e é importante para mim estar envolvido. Se me faz bem ter uma distração após perder um jogo? É difícil perder o foco de uma derrota mas adoro ter coisas diferentes na minha vida. A Spotlas preencheu esse espaço porque é uma paixão e dá-me algo mais para me focar, para sair da zona de conforto, para estar noutra posição. Tento dar o máximo de tempo possível porque adoro ter esta função e desenvolver-me noutras áreas”, destacou ainda o jogador do Tottenham.

“Muitos companheiros de equipa mostraram-se logo interessados porque também têm esses problemas, vamos a sítios de férias que são algumas vezes os mesmos e a Spotlas preenche esse espaço. Ao mesmo tempo tenho um grupo muito internacional, o que ajuda. Da perspetiva empresarial, troquei algumas ideias com os companheiros mais próximos de como ter um outro negócio além do futebol, ainda antes de lançar a app“, admitiu. “Construímos ali a nossa rede e as pessoas ligaram-se de imediato à ideia que agora precisa de ir amadurecendo. Atrasámos o lançamento apenas para depois do final do primeiro confinamento, em agosto. Até pelo atual contexto em que vivemos, as pessoas têm muito mais cuidados e se calhar só saem uma vez por semana. Se só têm mesmo uma hipótese por uma noite, querem acertar e isto ajuda”, acrescentou Patrick Dier.

Mas como será trabalhar com o irmão? “Tem sido muito bom. Estabelecemos desde início quais são os nossos papéis e como isto pode correr. Ouvem-se muitas histórias mas primeiro que tudo somos irmãos e não há nada que se possa colocar no meio. Poder trabalhar com o meu irmão é excelente, não poderia querer um melhor parceiro mas somos profissionais”, concluiu Eric Dier, que tem quatro irmãos, dois a viver nos EUA.