Num jogo como entre jogos, um dos principais predicados de qualquer equipa passa pela capacidade de reação à perda. Se o sucesso de um coletivo em campo num encontro depende tanto ou mais de como recupera a posse do que faz com bola, o sucesso de um coletivo numa época depende tanto ou mais da forma como supera um resultado mais complicado de aceitar do que da maneira que tem de prolongar as melhores fases. Esse foi o principal mérito do Sp. Braga frente ao Farense, naquele que acabou por ser considerado por Ricardo Horta como possivelmente o pior jogo da temporada: com muitas dificuldades pelo meio, ganhou a três minutos do final, sem sofrer golos, e superou a desilusão do empate com Leicester aos 90+5′ após ter chegado à vantagem aos 90+1′.

Maddison quebrou as pontes do county de Fransérgio (a crónica do Sp. Braga-Leicester)

Os arsenalistas somam seis vitórias consecutivas no Campeonato, estando a uma de igualar a segunda melhor série deste século com Domingos Paciência e Abel Ferreira no comando. Em paralelo com essa campanha, chegou aos sete pontos em quatro jornadas da Liga Europa, precisando apenas de uma vitória (ou de um empate, caso o Zorya não vencesse os ingleses) para carimbar o apuramento para a fase seguinte. E esse objetivo poderia ser atingido em Atenas, frente a um AEK a quem tinha ganho por 3-0 na Pedreira com a exibição mais conseguida da temporada e que, após a derrota caseira com o conjunto de leste, reduziu e muito as possibilidades de qualificação. No entanto, Carlos Carvalhal, que como técnico passou pela Grécia, sabia bem as dificuldades que o aguardavam.

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Paulinho, o destaque da 3.758.ª conferência de Carvalhal que voltou a marcar no “seu” Sporting (a crónica do Sp. Braga-AEK)

“Respeitamos o adversário, sabemos que é uma equipa boa, equipa que tem muita competência, com um bom treinador e organização. Sabemos as dificuldades que criaram ao Leicester, esse resultado do Zorya acabou por ser muito enganador. É uma equipa muito forte na Grécia e respeitamos na sua totalidade, mas como tenho dito, 100% de respeito, 0% de medo. Poupanças? Se fomos para a Trofa num jogo de Taça com tudo para ganhar, no máximo das nossas capacidades, para um jogo contra uma equipa do terceiro escalão e tivemos muitas dificuldades para ganhar…”, referiu na antevisão da partida no Estádio Olímpico de Atenas Spyros Louis.

A entrada foi demolidora, houve uma fase de adormecimento e uma reação ainda mais forte mas, no final, aquilo que ficou foi a confirmação do estatuto europeu do Sp. Braga, a terceira equipa nacional a chegar aos 100 ou mais jogos na Liga Europa (e Taça UEFA, nome que a prova tinha no passado), com um triunfo indiscutível frente ao AEK em Atenas que valeu não só a qualificação para a próxima fase da competição mas também o estatuto de melhor marcador do clube na prova a Ricardo Horta, médio ofensivo que fez o 3-1 na primeira parte.

Com uma defesa a quatro tendo Bruno Viana e Tormena como centrais (e com Raúl Silva e David Carmo no banco, reforçando que se tratava de mera opção técnica não jogar com três defesas) e uma organização em 4x2x3x1 tendo Castro e Al Musrati no meio-campo, o Sp. Braga não tardou a deixar bem vincado no encontro a vontade de fechar de imediato as contas do apuramento e precisou de dez minutos para conseguir dois golos de vantagem: primeiro foi Tormena, a aparecer sozinho na área após canto de Iuri Medeiros para o desvio ao primeiro poste de pé direito (8′), depois Ricardo Esgaio, a surgiu na pequena área para desviar após grande jogada de Galeno pela esquerda (10′). Os gregos dificilmente poderiam ter uma entrada pior mas, depois dos erros defensivos, falharam também no ataque com mérito de Matheus à mistura: Nelson Oliveira atirou ao lado quando estava sozinho ao segundo poste (19′) e o guarda-redes desviou para canto um bom cabeceamento de Livaja após bola parada (22′).

Não foi aí, foi à terceira: Tormena teve um atraso errado que ficou entre Matheus e Bruno Viana, Nelson Oliveira conseguiu colocar-se na jogada, fintou o guardião brasileiro e reduziu ainda antes do intervalo (31′). O Sp. Braga baixou a intensidade, deixou de ser fiel à ideia que trazia para o jogo e sofreu com isso, num período que acabou por revelar-se conjuntural: bastou acelerar um pouco mais as transições e a saída de bola para chegar com perigo à baliza de Tsintotas, ameaçando por Ricardo Horta e Paulinho antes de Galeno “inventar” mais uma ocasião numa jogada pela esquerda com assistência para Ricardo Horta fazer o 3-1 perante um guarda-redes do AEK que voltou a não ficar bem na fotografia (45′). Esse golo acabaria por marcar a segunda parte, com os arsenalistas bem mais estáveis em termos defensivos a não consentirem grandes espaços para os gregos reentrarem no jogo e sempre a visar as transição rápidas para definir por completo um encontro que já tinha a sua história contada e que conheceu o resultado final nos minutos finais, com um fantástico golo do MVP do jogo, Galeno, a fazer o 4-1 (83′) antes de Vasilantonopoulos fixar o 4-2 com um remate de primeira na área que desviou em Sequeira (89′).