As autoridades de saúde do Reino Unido disponibilizaram esta terça-feira as primeiras doses de vacina contra a Covid-19, dando início a um programa de imunização global que deverá ser impulsionado à medida que mais soros forem sendo aprovados.
A primeira dose foi administrada num dos hospitais de uma rede espalhada por todo o país, onde a fase inicial do programa já foi apelidada de Dia-V, anunciaram as autoridades sanitárias.
A primeira pessoa do Reino Unido a receber a vacina contra a Covid-19, desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer e a sua associada alemã BioNTech, foi uma mulher de 90 anos.
Margaret Keenan foi filmada enquanto lhe era administrada a vacina, por volta das 6h30 locais (hora de Lisboa, também) no Hospital Universitário de Coventry, no centro de Inglaterra.
Os reguladores britânicos deram na semana passada luz verde a esta vacina, que a partir desta terça-feira começará a ser administrada aos grupos de risco do Reino Unido.
O país obteve este avanço no projeto de vacinação, depois de, em 02 de dezembro, os reguladores britânicos terem dado autorização de emergência para a vacina produzida pelo fabricante americano de medicamentos Pfizer e pela empresa alemã BioNTech.
As autoridades dos EUA e da União Europeia estão também a rever a vacina, a par de outras preparações “rivais” desenvolvidas pela empresa americana de biotecnologia Moderna, e por uma colaboração entre a Universidade de Oxford e o fabricante de medicamentos AstraZeneca.
No sábado, a Rússia começou a vacinar milhares de médicos, professores e outros grupos de risco em dezenas de centros em Moscovo, com a sua vacina Sputnik V.
Este programa está a ser encarado de forma diferente, uma vez que a Rússia autorizou o uso da vacina no verão, após ter sido testada em apenas algumas dezenas de pessoas.
Os primeiros carregamentos da vacina Pfizer-BioNTech foram entregues no domingo a um grupo selecionado de hospitais do Reino Unido.
Numa dessas instalações, o Croydon University Hospital, a sul de Londres, os membros do pessoal não puderam sequer tocar nos frascos, mas ficaram entusiasmados por tê-los apenas no edifício.
A vacina não vai chegar tão rápido quanto seria desejável ao Reino Unido, que conta com mais de 61 mil mortes – mais do que qualquer outro país da Europa — e mais de 1,7 milhões de casos de Covid-19.
As 800.000 doses são apenas uma fração do que é necessário. O Governo está a visar mais de 25 milhões de pessoas, cerca de 40% da população, na primeira fase do seu programa de vacinação, dando prioridade às pessoas com maior risco de contrair a doença.
O segundo grupo será o das pessoas com mais de 80 anos e dos trabalhadores em lares. O programa irá sendo expandido à medida que a oferta aumentar.
Em Inglaterra, a vacina será entregue em 50 centros hospitalares na primeira fase do programa, esperando-se que mais hospitais a disponibilizem à medida que o programa se for desenvolvendo.
A Irlanda do Norte, a Escócia e o País de Gales estão a fazer os seus próprios planos no âmbito do sistema de administração descentralizada do Reino Unido.
As questões logísticas estão a atrasar a distribuição da vacina Pfizer, porque esta tem de ser armazenada a uma temperatura negativa muito baixa: -70 graus Celsius (-94 graus Fahrenheit).
As autoridades também estão a concentrar-se nos pontos de distribuição em grande escala porque cada pacote de vacinas contém 975 doses e não querem que nenhuma seja desperdiçada.
O Reino Unido concordou em comprar milhões de doses a sete produtores diferentes.
Os governos de todo o mundo estão a fazer acordos com múltiplos criadores para garantir que os produtos que acabam por ser aprovados para uso generalizado sejam entregues.