Muitos portugueses estão a marcar testes à Covid-19 para os dias que antecedem o Natal para poderem reunir-se com a família, segundo a Unilabs Portugal, que só para o dia 22 de dezembro tem mais de 1.500 marcações.
Desde a comunicação [em 5 de dezembro] do primeiro ministro relativamente a como será o Natal, nomeadamente a partir de segunda e terça-feira, tivemos um incremento muito grande de pedidos de testagem, nomeadamente testes de PCR e também testes de antigénio, para os dias 21, 22, e 23 de dezembro”, disse à agência Lusa o presidente da rede de diagnóstico clínico.
Para Luís Menezes, esta situação demonstra que “as pessoas veem na testagem uma forma de criarem uma salvaguarda adicional”, além das medidas apontadas pelo Governo.
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, apelou, numa conferência de imprensa recente sobre a Covid-19, para que a população não faça testes por iniciativa própria, devendo esperar por uma requisição ou por um conselho médico.
Uma posição sustentada por Luís Menezes, afirmando que os centros de diagnóstico “estão disponíveis para apoiar as autoridades públicas e as pessoas de forma individual neste pedido, mas é preciso lembrar que tudo aquilo que está a ser dito pelas autoridades de saúde pública deve ser tido em conta”.
“A testagem pode ser vista como mais uma salvaguarda”, mas a ceia de Natal deve ser realizada com um número reduzido de pessoas, com distanciamento físico e com o uso de máscaras sempre que possível.
Luís Menezes adiantou que esta situação não foi surpreendente porque já havia algumas perguntas nesse sentido, mas disse não ser “nada normal” as pessoas marcarem os testes com duas semanas de antecedência e perguntarem se têm os resultados até dia 22 ou 24 de dezembro.
Os testes de deteção da Covid-19 (PCR) são os mais procurados, não necessitam de prescrição médica, ao contrário dos testes rápidos, que estão “claramente contraindicados” porque tem muito baixa sensibilidade para os indivíduos assintomáticos, disse, salientando que “é importante as pessoas terem noção de que o teste não é uma certeza absoluta de que estão negativos”.
O presidente Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, disse à Lusa que “é importante que pessoas tenham a perceção de que as diversas medidas e cautelas que podem ter em relação a evitar a disseminação da doença são complementares” e considerou “uma estratégia interessante” a utilização de testes para identificar pessoas que podem estar infetadas, mas são assintomáticas.
“É uma medida que me parece interessante e que pode ajudar também a reduzir o risco de uma exposição que é previsível venha a acontecer no período das festividades”, afirmou Ricardo Mexia, ressalvando que a testagem “não é para permitir reduzir as outras medidas” que contribuem para a redução do risco, mas para as complementar.
Apontou como condicionante o custo da realização de testes e disse que eventualmente poderá haver um problema de oferta, questionando “até que ponto vai haver capacidade para tanta gente poder fazer o teste num período de tempo bastante curto”.
Para Ricardo Mexia, este é “mais um exemplo” de que as pessoas estão preocupadas e querem proteger-se e proteger quem gostam.
A rede de laboratórios SYNLAB também tem estado a registar muitas marcações de testes RT-PCR para este período, mas associadas a viagens.
“Os clientes começaram a contactar muito cedo (desde o início de dezembro) para efetuar marcações também para o dia 24 de dezembro, de forma a poderem realizar as suas viagens no dia 26 de dezembro”, avançou, sem precisar o número de marcações que foram efetuadas.
Os laboratórios Germano de Sousa têm sido contactados por algumas pessoas a perguntar se estão abertos por altura do Natal, mas como estão a funcionar até dia 24 e não é preciso fazer marcação ainda não observaram um aumento.
“Provavelmente as pessoas que estão interessadas em fazer o teste chegarão pelo dia 22, que é o que interessa para poderem estar descansadas”, disse o patologista Germano de Sousa, prevendo um aumento da procura nessa altura.
A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 1,5 milhões de mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 5.278 em Portugal.