A Walt Disney divulgou nas últimas horas o número de assinantes do seu serviço de streaming Disney+ angariados até ao início de dezembro, anunciou novidades relativas à plataforma — como um aumento de preços, que em Portugal será de mais dois euros mensais, passando a subscrição a 8,99€ — e desvendou parte da estratégia para o próximo ano. Tudo isto durante a apresentação anual conhecida como Disney Investor Day, transmitida digitalmente para todo o mundo.

No que respeita aos resultados do serviço de ‘streaming’ Disney+, lançado pela Walt Disney em novembro de 2019, este arrecadou 86,8 milhões de assinantes até ao início de dezembro, alcançando num ano o objetivo que tinha sido projetado para 2024.

Com as receitas das bilheteiras em queda livre e vários parques temáticos encerrados por causa da pandemia de covid-19, a Walt Disney disse aos investidores na sua apresentação anual que vai dirigir o seu foco para as plataformas dirigidas diretamente aos consumidores.

“O Disney+ excedeu as nossas expectativas mais loucas”, afirmou o CEO da Walt Disney, Bob Chapek, no Investor Day. “O nosso objetivo é servir os consumidores da melhor forma possível”, disse o executivo, sublinhando os “desafios duros” que a indústria enfrenta por causa da pandemia. “Estamos a encontrar novas formas de entreter as pessoas”, acrescentou.

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Aposta forte em levar filmes Disney e Pixar para o streaming

Em resultado do novo foco, vários títulos Disney e Pixar que foram desenvolvidos para o cinema passarão para o Disney+ ou terão estreias simultâneas nas salas de cinema e na plataforma de ‘streaming’, que inclui uma subcamada paga denominada “Premier Access”.

Dos 100 títulos anunciados no Investor Day, 80% irão diretamente para ‘streaming’.

O jornal The New York Times refere que “pelo menos 15 filmes com a marca Disney estão a ser preparados para o Disney+”, incluindo novas versões e novos capítulos de franchises como “A Idade do Gelo”, “À Noite, no Museu”, “Diário de Um Banana”, “Do Cabaré para o Convento” e “À Dúzia É Mais Barato”. O NYT nota ainda que Amy Adams será a protagonista numa sequela do musical de 2007 “Uma História de Encantar”, enquanto Tom Hanks dará voz a Gepetto numa nova versão de “Pinóquio”.

Já em relação às produções Pixar, há também vários projetos a serem desenvolvidos para a Disney+, refere o The New York Times, citando a apresentação virtual. Entre eles está uma nova versão da franchise “Carros”. “Luca”, em 2021, e “Turning Red” e “Lightyear” (sobre o personagem que deu origem ao brinquedo de Toy Story), em 2022, são outras futuras produções da Pixar.

Quanto às produções da Marvel, foram anunciados “Secret Invasion”, “Ironheart” e Armor Wars”, mais um especial de Natal de “Guardiões da Galáxia” (em 2022). Foram ainda destacadas as séries “WandaVision”, que estreará no Disney+ a 15 de janeiro de 2021, “The Falcon and the Winter Soldier”, em março, e “Loki”, em maio. “Hawkeye”, “She-Hulk”, “Ms. Marvel” e “What If..?”, a primeira série animada, são outras novidades para o Disney+.

No início deste mês, a Warner Bros., outros dos princípios estúdios de cinema de Hollywood, anunciou que vai estrear os seus filmes do próximo ano — como The Matrix 4, The Conjuring 3 – A Obra do Diabo, Space Jam: A New Legacy eThe Suicide Squad  — em simultâneo nas salas de cinema e nas plataformas de streaming.

Mais dois euros em Portugal (e o dobro do investimento no Disney+)

A disponibilização de mais conteúdos vai resultar num aumento do preço do serviço Disney+, que na Europa passa a incluir a nova marca ‘Star’, dedicada a filmes a séries. Segundo o jornal norte-americano The New York Times, esta será uma nova marca incluída no Disney+ que terá uma programação mais focada em espectadores adultos e menos nos segmentos infanto-juvenil e “para toda a família”.

A subscrição mensal do Disney+ passará assim a custar 8,99 euros (+2 euros em Portugal) e nos Estados Unidos passa para 7,99 dólares (+1 dólar).

A diretora financeira da Walt Disney, Christine McCarthy, disse aos investidores que as diretrizes da empresa para as plataformas direto-ao-consumidor foram revistas em alta. A companhia prevê agora investir entre 14 e 16 mil milhões de dólares (12,6 a 14,4 mil milhões de euros) nos conteúdos das plataformas Disney+, Hulu e ESPN+, no ano fiscal de 2024.

Só o Disney+ deverá duplicar os gastos, passando de quatro para oito ou nove mil milhões de dólares, um “nível de investimento em conteúdo” que demonstra a nova estratégia da empresa, disse a diretora financeira. Na mesma linha, a Walt Disney antecipa obter entre 230 e 260 milhões de assinantes Disney+ em 2024, cerca do triplo do que previra antes.

O serviço deverá tornar-se lucrativo em 2024, atingindo em 2021 o pico dos prejuízos esperados para os primeiros anos.

Disney+ com novo filme da Pixar no dia de Natal

O foco nas plataformas de ‘streaming’ ocorre num ano em que toda a indústria ligada ao cinema sofreu grandes quebras, com as receitas até outubro a caírem 76% nos Estados Unidos, de acordo com números da Comscore.

A Disney optou por lançar o filme “Mulan” no Disney+ em setembro e será também aqui que estreará a nova longa-metragem da Pixar, “Soul”, no dia de Natal.

Já a longa-metragem animada “Raya e o Último Dragão”, que teve a participação do artista de iluminação luso-americano Afonso Salcedo, estrear-se-á em março de 2021 nas salas de cinema e no Disney+ em simultâneo.

Ao streaming chegarão 9 séries do universo ‘Guerra das Estrelas’

A Disney está ainda a preparar o lançamento de nove séries do universo da “Guerra das Estrelas”, após o sucesso das primeiras duas temporadas de “The Mandalorian”, que estarão exclusivamente disponíveis no seu serviço de ‘streaming’ Disney+.

O anúncio foi feito pelo responsável do grupo de novos media e entretenimento, Kareem Daniel, também durante o Investor Day da Walt Disney. “Vamos adicionar algo novo todas as semanas”, declarou o responsável.

“The Mandalorian”: “É como se fosse um filme Star Wars, mas em oito episódios”

A presidente da Lucasfilm, Kathleen Kennedy, deu alguns detalhes sobre as séries “Guerra das Estrelas” que estão em preparação e mostrou as primeiras imagens aos investidores.

“The Rangers of the New Republic” e “Ahsoka” serão as primeiras a chegar, já em 2021, pela mão de Jon Favreau e Dave Filoni, os responsáveis por “The Mandalorian”.

Depois, em 2022, chegará “Andor”, que Kennedy descreveu como um thriller de espiões protagonizado por Diego Luna, que recupera a personagem de Cassian Andor do filme “Rogue One”. Tony Gilroy, que escreveu os filmes “Bourne Identity”, é o ‘showrunner’ (responsável criativo) da nova série, cuja produção começou há duas semanas em Londres.

Nas imagens mostradas durante a apresentação, viam-se as equipas a trabalharem de máscara, por causa da pandemia de covid-19, e Kennedy explicou que tudo o que está a ser feito é possível devido à tecnologia StageCraft da Industrial Light & Magic, que permitiu criar “o estúdio do futuro”.

Disney+: o que é, como funciona e o que há para ver no novo serviço de streaming?

Kennedy anunciou também que Hayden Christensen vai regressar como Darth Vader na nova série “Obi-Wan Kenobi”, que já tinha garantido Ewan McGregor no papel principal.

Será “o reencontro do século”, disse Kennedy, referindo-se aos antagonistas que a audiência viu pela última vez em “A Vingança dos Sith” e cuja ação decorre dez anos após os acontecimentos do filme de 2005.

Haverá também uma minissérie, “Lando”, em que Donald Glover vai interpretar o papel de Lando Calrissian, que foi introduzido no filme de 1980 “O Império Contra-Ataca”, depois de ter vestido a sua pele em “Solo” (2018).

Novidades são ainda o thriller misterioso “Acolyte”, sobre os dias finais da Alta República, mais as séries animadas “The Bad Batch” e “Star Wars: Visions” e ainda “A Droid Story”.

Próximo filme Star Wars será o 1º realizado por uma mulher: Patty Jenkins

Um novo filme do universo Marvel chegará ao cinema pela mão de Patty Jenkins (“Mulher-Maravilha”) que vai realizar “Rogue Squadron”, cuja estreia nos cinemas está prevista para o Natal de 2023. Este novo filme da saga “Star Wars” será o primeiro realizado por uma cineasta mulher, em 43 anos de saga. Só chegará, no entanto, em 2023.

Haverá também um filme escrito por Taika Waititi, sobre o qual não foram dados mais pormenores.