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Mourinho teve tudo para ganhar em Anfield mas acabou a perder aos 90' – será que a Special tradição desapareceu?

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Golos, bolas nos postes, oportunidades. Entrega, emoção, adeptos. Anfield recebeu um grande choque de líderes, com o Liverpool a ganhar ao Tottenham aos 90' um jogo onde se arriscou a perder (2-1).

Mourinho terminou o jogo a dizer a Klopp que a equipa que merecia ganhar perdeu, com alemão a discordar da opinião do português
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Mourinho terminou o jogo a dizer a Klopp que a equipa que merecia ganhar perdeu, com alemão a discordar da opinião do português

Getty Images

Mourinho terminou o jogo a dizer a Klopp que a equipa que merecia ganhar perdeu, com alemão a discordar da opinião do português

Getty Images

O Leicester e o Southampton, as duas equipas revelação que andam pelos lugares cimeiros da Premier League sem querer dar grande fôlegos aos verdadeiros candidatos, conseguiram ganhar na última jornada. De resto, uma razia de pontos perdidos, quase como se ninguém quisesse assumir a batuta da liderança da prova ou, pelo menos, ficar em melhor posição na tabela: o Chelsea perdeu fora com o Everton, United e City empataram sem golos o dérbi de Manchester, o Tottenham deixou-se empatar fora com o Crystal Palace e o Liverpool não fez melhor com o Fulham (o Arsenal também perdeu com o Burnley no Emirates mas para estas coisas parece não contar…). Um jornada que foi atípica? Não, a confirmação de uma regra que marca a presente temporada, de novo confirmada esta terça-feira com o Manchester City a empatar com o WBA e o Chelsea a perder frente ao Wolverhampton.

Lloris teve mãos de Crystal e Mourinho caiu do seu Palace: Tottenham empata e pode perder liderança antes de ir a Anfield

Por tudo isto, a receção do campeão Liverpool ao Tottenham podia ter um outro peso na classificação, além de dar ao vencedor a liderança isolada da prova. Mas este era também um jogo de testes. De teste para os visitados, que ainda procuram encontrar o equilíbrio da última temporada muito por culpa da ausência de Van Dijk que acaba por afetar uma equipa que por si já não está a carburar como na última temporada. De teste para os visitantes, que depois das vitórias com City e Arsenal e do empate frente ao Chelsea tinham neste encontro a oportunidade de se assumirem como verdadeiro candidato e projetarem uma época de afirmação com Mourinho.

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«Ele mostrou dotes de recuperação. Ou se não foi uma recuperação, não sei o que foi. Tudo o que fez até agora no Tottenham é muito, muito impressionante. A forma como eles jogam é muito boa. Ele [Mourinho] tornou-os numa máquina de resultados. Eles têm resultados, boas exibições. Se não estão no seu melhor, vencem na mesma. Defendem coletivamente e todas essas coisas. Impressionante. Mas não vamos jogar um contra o outro, não é José contra Jürgen. São duas equipas que jogam uma contra a outra, uma preparação normal. O número de jogo que vi foi o mesmo número de jogos que costumo ver. Não se trata do legado dele nem do que quero na minha vida, não tem nada a ver com essas coisas. O jogo é o meu grande foco”, confidenciou Jürgen Klopp, técnico que depois do título europeu de 2019 quebrou um jejum de 30 anos do Liverpool sem ganhar o Campeonato.

“Baixas no Liverpool? Alexander-Arnold não está lesionado. Matip acredito que vá jogar. Fabinho não está lesionado. Robertson não está lesionado. Henderson não está lesionado. Wijnaldum não está lesionado. Salah não está lesionado. Firmino não está lesionado. Mané não está lesionado. Van Dijk está lesionado e é um jogador muito bom mas dêem-me a lista de lesões do Liverpool e comparem isso com a melhor equipa do Liverpool… Não temos de marcar uma posição em Anfield. Queremos jogar e ganhar. Se não conseguirmos ganhar e a responsabilidade for do Liverpool, tudo bem. Na quinta-feira de manhã vamos estar aqui e no domingo jogamos de novo para ganhar. Não é para marcar uma posição, é só um jogo”, destacou José Mourinho no lançamento do encontro, antes de falar na principal diferença que existe nesta fase entre o Liverpool de Klopp e o seu Tottenham.

“Somos uma equipa que trabalha muito mas o Liverpool é resultado de, se não me engano, 1894 dias de trabalho com o Jürgen e nós somos o trabalho de 390 dias. Mas nem a isso chegou porque muitos desses dias não foram de trabalho – dias de quarentena, em casa sem conseguir trabalhar. Por isso com uma diferença de 2.000 para 300, nós conseguirmos competir ao nível deles, só posso dar crédito aos jogadores e estou muito feliz com o que estão a fazer”, salientou o português, falando na experiência e numa identificação com a ideia de jogo e a filosofia do treinador bem maior no Liverpool do que nos spurs como reflexo do tempo no clube. E era aqui também que entroncava grande parte do sucesso da partida desta quarta-feira, com alguns adeptos presentes.

Depois de uma primeira parte onde foi sempre pior apesar de ter conseguido chegar ao empate antes do intervalo, o Tottenham teve uma entrada fortíssima que podia funcionar como K.O. final a um Liverpool que teve bem mais desequilíbrios defensivos do que é normal. Não fechou o jogo, viu ainda uma bola na sua trave, sofreu o 2-1 em cima do minuto 90 e perdeu a liderança. A carreira dos spurs e o facto de Mourinho ter terminado sempre a Liga em Inglaterra na posição em que estava na 12.ª jornada deu outro ânimo aos adeptos londrinos, cada vez mais crentes de que a equipa podia mesmo discutir um título que foge há seis décadas. Não foi o que aconteceu. Mas, não existindo essa coisa de vitórias morais (muito menos para Mourinho), o Tottenham mostrou que já tem uma capacidade para se bater com os candidatos ao título que não tinha. Se chegará ou não, ninguém sabe.

O Liverpool entrou melhor na habitual fórmula de 4x3x3 com Curtis Jones a juntar-se a Henderson e Wijnaldum no meio-campo. Com mais bola, com mais velocidade, com mais intensidade. Sobretudo, com maior capacidade de travar a saída do Tottenham, que teve muitas dificuldades na exploração da profundidade ou na colocação da bola em Lo Celso para pensar o jogo. Firmino, no seguimento de um livre, teve a primeira ameaça de cabeça para defesa de Lloris (11′) antes de Salah ameaçar (20′) e marcar mesmo pouco depois com alguma sorte à mistura: o remate do egípcio à entrada da área desviou em Alderweireld, mudou de trajetória, bateu no poste e deu mesmo o 1-0, com o guarda-redes francês a olhar desolado para um lance onde não podia fazer nada (26′). Mourinho tirava notas mas não mexia, dava apenas algumas indicações e acreditava que o cenário ia mudar, sendo fiel à estratégia que levava para Anfield e sendo premiado pela mesma com Lo Celso a conseguir receber com espaço, a colocar a bola para a velocidade de Son num lance que gerou muitas dúvidas e o sul-coreano a fazer o empate (33′).

[Clique nas imagens para ver os golos do Liverpool-Tottenham em vídeo]

O jogo nem sempre foi bem jogado mas esteve sempre ao mais alto nível na intensidade, na emoção e na entrega, quase coroando mais um jogo com adeptos de regresso a alguns estádios (como este). E se estava assim, melhor ficou. O jogo e o Tottenham, acrescente-se: nos 20 minutos iniciais do segundo tempo, os londrinos tiveram uma série de oportunidades para fazerem a reviravolta incluindo uma bola no poste de Bergwijn (62′) antes de dois lances claros de golos desperdiçados pelo holandês (46′) e por Harry Kane (51′), e colocaram o Liverpool numa posição que poucas equipas na Premier League conseguem. Estavam lançados os dados para um final de loucos, com bola-cá-bola-lá entre mais uma bola no poste por Mané (72′) e outro remate de Kane muito perto do poste (78′) até ao golo de Firmino em cima do minuto 90, na sequência de um canto na esquerda do ataque.

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