É seguro dizer que 2020 foi um ano mau, doloroso e sofrível para praticamente toda a gente. E o 2020 de Cristiano Ronaldo também teve partes más, dolorosas e sofríveis: desde uma nova eliminação da Liga dos Campeões com a Juventus, a infeção por Covid-19 no meio de uma concentração da Seleção e o falhanço de Portugal em chegar à final four da Liga das Nações. Ainda assim, esses capítulos maus, dolorosos e sofríveis do ano de Cristiano Ronaldo são quase sempre recompensados com capítulos bons, felizes e memoráveis. E entre mais um The Best perdido e mais uma Serie A conquistada, dois pináculos das duas vertentes do ano do português, a última semana foi particularmente positiva para Ronaldo.
Já longe dos dois golos marcados ao Barcelona, o jogador português foi nomeado para o Melhor Onze da História da France Football, ao lado de nomes como Maradona, Pelé e Ronaldo Fenómeno, terminou em segundo na votação para o The Best que foi ganha por Lewandowski e mantém o embalo nos prémios onde figura consecutivamente há mais de dez temporadas, e ainda recebeu o Golden Foot, um troféu que se destina aos jogadores com mais de 28 anos e que só pode ser ganho uma vez. E com este último, mais do que uma estatueta igual a tantas outras que já tem espalhadas pelos armários de casa e pelo museu na Madeira, Cristiano Ronaldo viu os próprios pés serem imortalizados no Champions Promenade, o passeio dos campeões, em Monte Carlo, no Mónaco.
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“Estou honrado por ter vencido o Golden Foot e por ser imortalizado no Passeio dos Campeões no Mónaco, juntamente com algumas das maiores lendas de sempre do futebol. Estou emocionado e quero agradecer aos adeptos de todo o mundo por terem votado em mim”, disse o capitão da Seleção Nacional depois de receber a distinção. Pelo meio e no fim de semana, Ronaldo voltou a marcar duas vezes no jogo com o Parma — incluindo mais um daqueles cabeceamentos em que parece ficar parado no ar –, distanciou-se na lista de melhores marcadores da Serie A com 12 golos desde o início da época, vai terminar novamente um ano civil com mais de 40 golos em todas as competições e ainda ultrapassou o registo de Lewandowski na Bundesliga, tornando-se o jogador com mais golos no respetivo campeonato em 2020. E sim, tem 35 anos.
Esta terça-feira, era dia de receber a histórica Fiorentina, que apesar de contar com o talento de jogadores como Callejón e Amrabat e a experiência de Ribéry, estava enterrada no 16.º lugar da Serie A com apenas duas vitórias em 13 jornadas. Para a Juventus, o jogo contra o conjunto viola tinha desde logo a obrigação de não perder — para continuar a ser, a par do AC Milan, a única equipa das cinco principais ligas europeias ainda sem derrotas para o campeonato — mas também a obrigação de ganhar, para não deixar fugir os surpreendentes rossoneri no topo da classificação.
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Ainda assim, a equipa de Andrea Pirlo começou basicamente a perder, graças a um golo muito prematuro de Vlahovic que abriu o marcador logo nos instantes iniciais (3′). Ainda antes do intervalo, a noite tornou-se ainda mais complexa para a Juventus: Cuadrado parou Castrovilli com uma entrada muito dura, o árbitro começou por atribuir o cartão amarelo mas mudou a decisão para o vermelho direto depois de ver as imagens do VAR. Pirlo reagiu ao trocar Ramsey por Danilo mas no fim da primeira parte a equipa de Cristiano Ronaldo estava a perder, tinha menos um elemento em campo e pouco ou nada tinha feito para inverter a situação.
O treinador da Juventus voltou a mexer ao intervalo, ao tirar Morata para lançar Bernardeschi, e os indicadores até pareciam apontar no sentido de uma reviravolta. Cristiano Ronaldo ainda marcou, ao rematar na sequência de um passe de Danilo, mas o lance foi anulado por fora de jogo (57′) e a Fiorentina voltou a tentar gerir o resultado. O conjunto orientado por Cesare Prandelli aumentou a vantagem quando faltava menos de um quarto de hora para o apito final, graças a um autogolo de Alex Sandro, e fechou as contas já nos últimos dez minutos por intermédio de Cáceres, que aproveitou mais uma abordagem displicente de Bonucci (81′).
A Juventus perdeu surpreendentemente em casa contra a Fiorentina e, apesar de o resultado ter sido muito influenciado pela expulsão de Cuadrado na primeira parte, voltou a não mostrar as capacidades que ficaram visíveis no fim de semana, contra o Parma. Mais do que isso, a equipa de Cristiano Ronaldo perdeu com estrondo a grande bandeira: era, com o AC Milan, a única equipa das cinco principais ligas europeias que ainda não tinha perdido. Perdeu, caiu para o quarto lugar da Serie A e está agora atrás do AC Milan, do Inter Milão e do Nápoles.