Um estudo da Universidade Católica Portuguesa do Porto concluiu que a ansiedade sobre a vacina Covid-19 “está a aumentar” e que a maioria dos participantes só a tomará se tiver “informações sobre segurança e eficácia”.
“Há um crescente aumento do nível de ansiedade dos portugueses que condiciona não só a saúde mental, mas a tomada de decisão sobre a vacinação”, afirmou esta quarta-feira, em declarações à Lusa, Patrícia Batista, investigadora do Human Neurobehavioral Laboratory da Católica do Porto.
No estudo, que envolveu dois questionários diferentes, participaram 1.018 pessoas, com idades entre os 18 e 76 anos, sendo que a maioria dos participantes tinha entre 18 e 30 anos e era do sexo feminino.
O primeiro questionário — dedicado ao tema de crenças de saúde — estava subdividido em quatro tópicos: a gravidade da doença, suscetibilidade percebida, as barreiras e benefícios da vacinação.
Segundo Patrícia Batista, a maioria dos participantes afirmou ter medo de ficar doente com Covid-19 e 71,8% disse estar preocupado com a probabilidade de ficar infetado pelo novo coronavírus nos próximos meses.
A grande maioria dos inquiridos (90,8%) seja a favor da vacinação em geral e destaca que a vacinação diminuirá a hipótese de ficar infetado pelo SARS-CoV-2.
Mais de metade dos participantes no inquérito, afirmou estar preocupado com os efeitos colaterais da vacina Covid-19.
Também foi referida a acessibilidade e a eficácia da vacina. Aliás, nesta matéria, 67% dos inquiridos afirmaram estar preocupados com a eficácia”.
Patrícia Batista adiantou que 84,4% dos inquiridos referiu “tomar a vacina covid-19 caso tenham informações suficientes sobre a segurança e eficácia” da mesma. “Isto demonstra também a ansiedade, uma vez que vai ao encontro da preocupação”, referiu.
Já no segundo questionário, assente nos níveis de ansiedade, 44% dos participantes referiram sentir-se ansiosos e nervosos vários dias.
“Neste questionário fizemos um enquadramento temporal relativamente ao grau de ansiedade no geral e perante o desenvolvimento e disponibilização da vacina”, referiu a investigadora, acrescentando que o enquadramento foi segmentado em três partes, uma referente ao início da pandemia, outro aos meses do verão e outro à situação atual.
“Verificamos que este grau de ansiedade sofreu um decréscimo nos meses de verão, tendo agora voltado a aumentar”, disse, acrescentando que a ansiedade dos inquiridos se mantém “num estado intermédio”.
A investigadora disse ainda que as conclusões deste estudo permitem demonstrar, com base científica, que é necessária a “promoção da saúde, clareza da informação, campanhas de sensibilização eficazes e o aumento da literacia em saúde”, fatores que considera que vão “ajudar os portugueses na tomada de decisão sobre a vacina Covid”.
O estudo, intitulado “Covid-19 vacina: do poder biotecnológico ao impacto psicológico” decorreu entre 26 de outubro e 11 de dezembro e já foi submetido a publicação.
A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.718.209 mortos resultantes de mais de 77,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 6.343 pessoas dos 383.258 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.