O resultado preliminar, divulgado logo no final de novembro, já apontava neste sentido e dava como causa de morte de Diego Maradona uma insuficiência cardíaca aguda. O resultado final da autópsia, conhecido esta semana, confirma essa tese: o antigo jogador argentino não tinha álcool nem drogas ilegais no organismo na altura em que acabou por morrer.
Contudo, e segundo a agência de notícias argentina, a Télam, os exames realizados ao sangue, à urina e a outros órgãos e tecidos de Diego Maradona acabaram por revelar que o argentino estava medicado com “venlafaxina, quetiapina, levetiracetam e naltrexona”. Quatro psicofármacos que, de acordo com os investigadores consultados pela Télam, são também arritmogénicos — ou seja, potenciam a existência de arritmias.
A venlafaxina é um antidepressivo, usado normalmente para tratar a ansiedade. A quetiapina é utilizada em casos de depressão grave. O levetiracetam é um antiepilético que pode provocar sonolência e diminuição da capacidade de reação e dos instintos. E, por fim, a naltrexona bloqueia o efeito dos opiáceos usados para evitar os sintomas de abstinência do álcool. Em resumo, e somados todos os efeitos dos fármacos que Diego Maradona tinha no organismo, a investigação à morte do argentino vai agora tentar perceber se estas quatro substâncias eram apropriadas para um paciente com problemas cardíacos crónicos.
“É tão importante o que apareceu como o que não apareceu nestas análises. À vista desarmada, confirmam que davam psicofármacos a Maradona mas não davam nenhum medicamento para a sua cardiomiopatia”, disse um dos investigadores à Télam, numa declaração que abre novamente a porta à possibilidade de negligência de Leopoldo Luque, o médico que acompanhava o argentino e que se apresentou às autoridades dias depois da morte para prestar declarações. Uma hipótese que é veiculada também pela filha de Maradona, Gianinna, que recorreu às redes sociais para revelar que o pai estava “muito inchado” e com uma “voz robótica”.
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A restante autópsia concluiu então que a causa da morte de Diego Maradona foi um “edema agudo do pulmão que se seguiu a uma insuficiência cardíaca crónica agudizada”. Ainda no coração, foi detetada uma miocardiopatia dilatada e áreas com isquemia miocárdica: quando foi extraído, o coração de Maradona pesava 503 gramas, cerca do dobro do peso normal. No fígado, o antigo jogador apresentava um “quatro cirrótico provável”, tinha roturas de septos alveolares dos pulmões e um local com edema intra-alveolar e ainda uma necrose tubular aguda num dos rins.