Satisfeito com o compromisso alcançado, o ministro dos Negócios Estrangeiros considera que o acordo de comércio e de segurança entre Londres e Bruxelas é “amplamente satisfatório para a União Europeia e muito satisfatório para Portugal”. Em declarações à Rádio Observador, Augusto Santos Silva disse que o feito alcançado esta quinta-feira “significa evitar uma interrupção” e que a reação é de “satisfação”.

Toda a gente pôde ver, nestes últimos dias, o que seria se após dia 1 de janeiro não tivéssemos uma relação económica fluída e uma relação comercial fluída com o Reino Unido. A confusão que seria e os prejuízos que isso traria para todos. Ninguém sairia vencedor“, afirmou.

Mas o governante apontou ainda um segunda razão para estar satisfeito. É que, diz, “ninguém compreenderia que a União Europeia e o Reino Unido fossem incapazes de estabelecer uma acordo”. “Se nós não fossemos capazes de estabelecer uma acordo com o Reino Unido — que é tão próximo de nós, geograficamente, historicamente, do ponto de vista das intuições, dos valores e do modo de ser— com quem é que estabeleceríamos acordos?”, questionou ainda, em conversa com a Rádio Observador.

[Ouça aqui as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros à Rádio Observador]

Acordo comercial entre Reino Unido e UE. “Espero que tudo se resolva em janeiro”, diz Augusto Santos Silva

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Augusto Santos Silva ressalva no entanto que “ainda há trabalho a fazer”, nomeadamente “acompanhar com cuidado a nova política de migração e mobilidade do Reino Unido” e no que diz respeito à “implementação do acordado em matéria de pescas”. O ministro adianta que o primeiro passo da presidência portuguesa vai ser exatamente “trabalhar no sentido de aprovação do parlamento europeu ser célere”. Em jeito de antevisão, o governante espera “que tudo isto se resolva durante o mês de janeiro”. Será fácil? “Não vejo dificuldades”, responde.

Marcelo felicita “histórico acordo”. Costa diz que Reino Unido continuará a ser “um parceiro importante”

O Presidente da República felicitou a Comissão Europeia e o Governo britânico pelo “histórico acordo” para as futuras relações entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido.

“O Presidente da República felicita a Comissão Europeia e o Governo Britânico pelo histórico acordo hoje concluído para regular as futuras relações entre a União Europeia e o nosso mais antigo aliado, o Reino Unido”, escreveu Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota colocada no site da Presidência da República.

O chefe de Estado português felicitou “todas as pessoas que contribuíram para este resultado”, nomeadamente a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

Também o primeiro-ministro português recorreu ao Twitter para deixar a sua mensagem. António Costa congratulou o acordo alcançado, lembrando que “o Reino Unido continuará a ser, além de nosso vizinho e aliado, um parceiro importante”.

No Twitter, o ministro dos Negócios Estrangeiros também considerou que este acordo comercial “significa muito para Portugal” e que “é uma boa notícia” para quem vive e trabalha “em países amigos”. Saudou o acordo e dirigiu-se quer aos portugueses residentes no Reino Unido, quer aos britânicos residentes em Portugal.

“O acordo é também uma boa notícia para os portugueses residentes no Reino Unido e para os britânicos residentes em Portugal. Eles sabem que vivem e trabalham em países amigos”, afirmou.

O ministro dos Negócios Estrangeiros também considerou o que “significa muito para Portugal”. “[Significa] melhores condições para desenvolver a relação económica com o nosso primeiro parceiro fora da UE e a principal origem de turismo para Portugal e a continuação de uma relação muito próxima com o nosso mais antigo aliado”, finalizou.

Também ex-primeiro-ministro português Durão Barroso reagiu às “boas notícias da véspera de Natal”. Ainda assim, o também ex-presidente da Comissão Europeia e atual presidente designado da Aliança Global para as Vacinas considerou que “a relação entre a União Europeia e o Reino Unido está e longe de ser perfeita, mas poderia ser muito pior sem esse tipo de acordo”.

A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, considerou ser tempo de a província britânica se tornar uma “nação europeia independente”, após a conclusão do acordo comercial pós-Brexit. “O Brexit chega contra a vontade do povo da Escócia”, a maioria do qual (62%) votou contra a saída do Reino Unido da UE, escreveu Nicola Sturgeon na rede social Twitter, sublinhando: “Nenhum acordo poderá compensar o que o ‘Brexit’ nos tira”. “É hora de traçar o nosso próprio futuro como nação europeia independente”, disse.

Os antigos primeiros-ministros britânicos David Cameron e Theresa May também recorreram ao Twitter para congratular o acordo. A antecessora de Boris Johnson disse que este acordo “proporciona confiança aos negócios e ajuda a manter o fluxo comercial”. “Estou ansiosa para saber os detalhes, nos próximos dias”, escreveu ainda.

Já David Cameron considerou que é “bom acabar um ano difícil com notícias boas”. “O acordo comercial é muito bem-vindo — e um passo vital na construção de uma nova relação com a UE como amigos, vizinhos e parceiros. Muitos parabéns à equipa de negociação do Reino Unido”, escreveu ainda o antigo primeiro-ministro britânico que, em 2016, convocou o referendo sobre a saída da UE.

O presidente francês Emmanuel Macron reagiu às notícias do acordo que considera ser “essencial para proteger os nossos cidadãos, os nossos pescadores, os nossos produtores”. “A unidade e a força da Europa valeram a pena”, escreveu Macron no Twitter, acrescentando que “a Europa avança e pode olhar para o futuro unida, soberana e forte”.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse estar “confiante” de que o acordo alcançado. “Estou muito confiante de que temos aqui um bom resultado”, afirmou Angela Merkel, num breve comunicado, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP), acrescentando que estão lançadas “as bases para um novo capítulo” nas relações com o Reino Unido. “O Reino Unido continuará a ser um parceiro importante para a Alemanha e para a UE, fora da UE”, apontou.