A poucos dias do final do prazo, o Reino Unido e a União Europeia chegaram “finalmente” a um acordo de comércio e de segurança, nas palavras de Ursula von der Leyen. Este acordo entrará em vigor a partir do dia 1 de janeiro de 2021, substituirá os acordos existentes no período de transição — em que o Reino Unido continuava a seguir a maioria das regras da UE — e evita assim um divórcio desordenado.

Lembrando que a “estrada” foi “longa e sinuosa”, a presidente da Comissão Europeia disse, em conferência de imprensa com o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, que considera que o acordo a que se chegou é “justo” e “equilibrado”. “É hora de virar a página e olhar para o futuro”, afirmou, reforçando: “É hora de deixar o Brexit para trás. O nosso futuro é feito na Europa”. Von der Leyen disse ainda que sente “satisfação e alívio”, mas que esta “separação é um doce tristeza”.

Ursula von der Leyen - Michel Barnier press conference

O negociador-chefe da UE, Michel Barnier, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, depois de anunciarem o acordo em conferência de imprensa

Boris Johnson também falou ao país para dizer que este acordo vai “proteger  empregos em todo o país”. “Retomámos o controlo das nossas leis e do nosso destino”, afirmou, acrescentando que o Reino Unido será agora um país “dinâmico e próspero” — o que não será uma “coisa má” para a UE.

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Seremos vossos amigos, aliados, apoiantes e, na verdade, não vamos esquecer, o vosso principal mercado”, afirmou ainda.

O primeiro-ministro do Reino Unido resumiu este compromisso numa palavra: certeza. “[O acordo] significa acima de tudo certeza, para a indústria da aviação, os transportadores, a polícia, as forças das fronteiras e todos aqueles que nos mantêm seguros”, disse, acrescentando: “Significa certeza para nossos cientistas que poderão trabalhar juntos em grandes projetos coletivos. Mas acima de tudo significa certeza para as empresas”. Boris Johson disse que acordo deverá agora ser votado no Parlamente britânico no dia 30 de dezembro.

O primeiro-ministro britânico já tinha reagido no Twitter. “O acordo está feito”, lê-se na frase que acompanha uma fotografia de Boris Johnson a festejar.

O acordo será agora apresentado aos 27 Estados-membros da UE e ao Parlamento Europeu, devendo também ser aprovado pela Câmara dos Comuns, em Londres.

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De manhã, o The Guardian tinha citado um draft do Governo de Boris Johnson que apresentava os argumentos com os quais o executivo de Boris Johnson pretendia convencer os deputados ‘brexiteers’. Esse documento sugeria que David Frost, o negociador do lado do Reino Unido, conseguia impor 43% das exigências contra apenas 17% das exigências de Bruxelas. Nos restantes 40% houve, segundo esse documento de trabalho, uma posição equilibrada entre o que ambas as partes queriam.

Esta interpretação do governo britânico foi, no entanto, a ser colocada em causa. Sam Lowe, investigador do Centro para a Reforma Europeia, tem vindo a desmontar o documento — desde que foi originalmente divulgado pelo blogue e diz que o governo britânico está a empolar as alegadas vitórias em algumas áreas.

Ainda antes de o acordo ser anunciado, o líder ex-líder do UKIP e do partido Brexit, Nigel Farage já se congratulava com a expectativa de um acordo. “A guerra acabou”, escreveu no Twitter, enquanto partilhava um vídeo de declarações suas à talkRadio. Farage e Boris estiveram lado-a-lado no referendo que votou pela saída do Reino Unido, mas as relações entre ambos estão longe de estar pacificadas. Farage diz por exemplo que Boris Johnson será visto como o “homem que terminou o trabalho”, embora destaque que não de forma “perfeita”.