Quando a Nikola fazia recordar o Rei Midas, que transformava em ouro tudo em que tocava, a reputação da jovem empresa estava em alta e o seu valor não parava de aumentar, isto apesar de não ter ainda fabricado um único veículo e de até ter recorrido a uma descida para levar a crer que já tinha funcional um protótipo do seu camião com fuel cells a hidrogénio. Quando um short seller expôs a marosca, a Nikola e o seu CEO, Trevor Milton, ficaram definitivamente em maus lençóis.
Mas além do camião eléctrico alimentado por células de combustível a hidrogénio, que não funcionava, a Nikola “desenvolveu” ainda outro tipo de camião eléctrico, este a bateria. Uma versão deste camião foi prometida à Iveco, para vender na Europa, devendo igualmente servir de base para um camião de recolha de lixo. Neste caso, o cliente era a segunda maior empresa norte-americana de tratamento de lixos, a Republic Services.
O negócio passava por a Nikola adaptar o seu veículo pesado a bateria às necessidades do cliente, que em troca se comprometia a pagar o necessário para ficar com 5000 exemplares. Apesar de todos os problemas criados para a Nikola por causa do excesso de criatividade e exageros de Trevor Milton, este acordo com a Republic Services era um dos muitos que poderiam colocar o fabricante de veículos eléctricos no bom caminho.
Sabe-se agora que a aquisição dos camiões de lixo foi anulada. A justificação avançada pelo construtor é que seria demasiado complicado e tomaria demasiado tempo conceber um camião eléctrico que se adaptasse às necessidades da Republic Services. Para uma empresa acusada de fraude, tal como o seu CEO (que entretanto já se retirou, enquanto a justiça avança com a investigação), para quem o trabalho não abunda, não deixa de surpreender esta aparente falta de tempo da Nikola. Já a Republic Services resolveu o problema rapidamente: encontrou na Mack e na Peterbilt, reputados fabricantes de camiões, fornecedores capazes de satisfazerem as suas necessidades.