O Presidente da República esteve, na passada segunda-feira, com um elemento da Casa Civil que entretanto testou positivo ao SARS-CoV-2, mas não vai ficar em isolamento profilático preventivo porque as autoridades de saúde consideraram que o contacto que teve foi de baixo risco. O debate com André Ventura, marcado para esta quarta-feira, na SIC, mantém-se presencial, confirmou a estação televisiva. Marcelo avisa, no entanto, que contactos maiores em campanha estarão comprometidos, pelo menos até dia 18.

A “retoma da atividade normal” de Marcelo Rebelo de Sousa foi confirmada pelas 17h, através de uma nota publicada na página oficial da Presidência da República, onde se lê que o contacto com um caso positivo foi de baixo risco e que, por isso, o Presidente não vai ter de cumprir isolamento profilático preventivo.

“A Direção do Departamento de Saúde Pública da ARS de Lisboa e Vale do Tejo acaba de comunicar à Presidência da República, que foi considerado de baixo risco o contacto que o Presidente da Republica teve, na segunda-feira passada, com um elemento da Casa Civil (que veio a testar positivo ao SARS-CoV-2), pelo que não é necessário isolamento profilático. Na sequência desta decisão da Autoridade de Saúde, o Presidente da República, que já hoje testou negativo, retomou o seu programa de trabalho”.

Ao início da tarde, fonte da Presidência dizia ao Observador que Marcelo estava “esperançoso” que as autoridades de saúde o libertassem quando falassem com ele já que, apesar de ter tido vários contactos com o caso positivo, foram de “curta duração e sempre com máscara”. Pouco depois de ter sabido do contacto, o Presidente chegou a ser testado e o resultado foi negativo.

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O grau de risco é determinado pelo tipo de contacto que foi estabelecido com o infetado, sendo avaliado o uso de máscara, o tempo que contactaram e o espaço em que tudo isso decorreu. O contacto de risco é um dos assessores de imprensa do Presidente que esteve em Belém na passada segunda-feira quando decorreram as audiências com os partidos a propósito da renovação do estado de emergência.

O caso acontece em plena pré-campanha para as Presidenciais e quando decorrem debates televisivos entre os candidatos. Esta quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa tinha um frente-a-frente agendado com André Ventura, cuja realização nunca esteve em causa. A dúvida seria se se realizaria de forma presencial ou à distância. Esta tarde Belém deu conta da intenção de Marcelo de manter os debate por vídeo conferência, caso tivesse de ficar isolado por mais tempo. Entretanto, no Twitter, André Ventura usou a ironia para comentar a situação.

Ainda que não fique em isolamento, Marcelo disse esta noite na SIC, à entrada para o debate, que “a determinação das autoridades de saúde” impõem-lhe “uma vigilância passiva o que implica não ir para aglomerações significativas durante 14 dias”. O Presidente que tem a campanha oficial a arrancar na próxima segunda-feira — e que ainda não deu a conhecer a sua agenda — avisa já que se uma entrevista ou um debate “não são aglomerações, algumas iniciativas de visitas a instituições já podem ser”. “Até dia 18 [dia em que terminam os 14 dias] é uma limitação grande, mas enfim, é a vida”.

A explicação vinha em resposta à preparação de um plano B de campanha, mas Marcelo admite que os contactos ficam agora mesmo mais difíceis pelo menos na primeira semana de campanha oficial: “Quando tiver de observar mais reserva em termos de contactos físicos tonra-se mais difícil”.

Esta não seria, de resto, a primeira quarentena de uma figura de Estado. A 16 de dezembro, o primeiro-ministro António Costa almoçou com Emmanuel Macron em Paris e no dia seguinte ficou a saber que o presidente francês tinha testado positivo ao SARS-CoV-2. Costa foi considerado, pelas autoridades de saúde, um contacto com exposição de alto risco e ficou em quarentena durante 14 dias. Só pôde sair do palacete de São Bento, onde ficou a cumprir o isolamento, no dia 30 de dezembro.

Também não seria a primeira quarentena de Marcelo que logo no início da pandemia, em março, ficou em isolamento em sua casa, por precaução, depois ter estado em contacto com alunos de uma escola encerrada por causa do então novo coronavírus.

Artigo atualizado com declarações de Marcelo à SIC, à noite.