A confirmação foi dada por Lance Stroll, piloto da Aston Martin, que acabou por dar certezas sobre os rumores que há cerca de uma semana correm no mundo do automobilismo. “Melbourne vai ser adiado, algures para o outono. A primeira corrida será no Bahrein. Os próximos dois ou três meses vão ser muito difíceis. Temos uma luz ao fundo do túnel com a vacina, mas organizar as primeiras corridas será um desafio”, disse o canadiano, na apresentação do novo carro da marca, deixando praticamente certo que o Grande Prémio da Austrália, a corrida inaugural do Mundial 2021, será adiado para daqui a vários meses.
Ora, o problema do calendário da Fórmula 1 é que o aumento exponencial dos números da pandemia na Europa está a dificultar as viagens para países de outros continentes. Se a questão australiana se prendia com a quarentena obrigatória de 14 dias exigida a todos os visitantes estrangeiros, o mesmo acontece na China — o local do teórico terceiro Grande Prémio da temporada. Com os números de casos e mortes a subirem de forma preocupante no continente europeu, o mais provável é que o país asiático acabe por cancelar ou adiar a participação no Mundial.
Pandemia pode adiar Grande Prémio da Austrália e arranque do Mundial de Fórmula 1
Assim, teria de entrar em vigor o plano de contingência previamente desenhado: onde entram também em prática os circuitos de Imola, em Itália, e de Portimão, no Algarve. De acordo com a imprensa especializada, a Fórmula 1 está a negociar com os promotores a possibilidade de incluir duas corridas adicionais na Europa já na primeira fase da temporada, para cobrir a provável ausências das corridas da Austrália e da China. O quarto Grande Prémio do ano, originalmente agendado para 25 de abril mas ainda sem local confirmado depois do cancelamento da etapa do Vietname, acaba por permitir a flexibilidade necessária para encontrar vias alternativas.
Quer isto dizer que, sem Austrália e sem China, o Mundial 2021 arranca oficialmente a 28 de março, no Bahrein. Se o plano de contingência foi implementado e os rumores estiverem corretos, segue-se Imola, a 18 de abril, e o Algarve, a 2 de maio — ainda que, desta vez e quase garantidamente, sem público nas bancadas. A partir daí, e nas melhores perspetivas da organização da Fórmula, a temporada seguiria o rumo normal, com o Grande Prémio de Barcelona marcado para dia 9 de maio. O Grande Prémio da Austrália, que à partida será adiado e não cancelado, saltaria para novembro, empurrando a corrida do Brasil uma semana para a frente.
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— Formula 1 (@F1) January 1, 2021
“O governo vai continuar a dar prioridade à saúde pública enquanto protege o nosso calendário de grandes eventos. As conversações entre a Australian Grand Prix Corporation, o governo e a direção da Fórmula 1 sobre o calendário da Fórmula 1 para 2021 estão a decorrer”, explicou à BBC um porta-voz do governo australiano, liderado pelo primeiro-ministro Scott Morrison. Já a Australian Grand Prix Corporation, que gere todas as competições de automobilismo no país, garantiu que dará “mais detalhes depois da finalização de todos os preparativos com todas as partes envolvidas nas próximas semanas”.
A Fórmula 1, por seu lado, acabou por ter a declaração mais enigmática. Um porta-voz da direção limitou-se a dizer, esta segunda-feira, que a modalidade está ansiosa por voltar a competir durante o mês de março — sendo que a segunda etapa do Mundial, no Bahrain, também está então agendada para março, do dia 26 ao dia 28. Ou seja, não deixou de lado a possibilidade de adiamento do Grande Prémio australiano, garantindo que o Campeonato do Mundo vai arrancar no terceiro mês de 2021: seja na Austrália ou no Bahrain.
Com início provisoriamente agendado para março, o Mundial de 2021 em Fórmula 1 tem então vários pontos de interesse: a ida de Sebastian Vettel para a Aston Martin depois de cinco anos na Ferrari, a estreia de Carlos Sainz na mesma Ferrari, o regresso de Fernando Alonso à modalidade e à Renault e a primeira temporada de Mick Schumacher, filho do antigo piloto alemão, que vai competir pela Haas. Com a grelha praticamente fechada, resta somente saber se Lewis Hamilton renova contrato com a Mercedes e vai atrás do oitavo título de campeão mundial, algo que o distanciaria definitivamente de todos os outros pilotos da história da Fórmula 1.