Tudo o que podia piorar, piorou mesmo, revela o relatório da Direção-Geral da Saúde (DGS) publicado esta sexta-feira. O número de novos casos de infeção pelo novo coronavírus ultrapassou os valores atingidos no pior dia até agora, o número de mortes por Covid-19 em 24 horas é o mais alto de sempre, há mais pessoas em internamento geral do que nunca e até o número de casos ativos é o maior desde o início da epidemia em Portugal.
Entre a meia-noite e as 23h59 da última quinta-feira, 118 pessoas perderam a vida na batalha contra a Covid-19 e mais 10.176 pessoas foram diagnosticadas com uma infeção pelo novo coronavírus. Foi a primeira vez que os óbitos por Covid-19 ultrapassaram os 100 e a segunda que o país registou mais de 10 mil novos casos em 24 horas.
São números sem precedentes em Portugal: houve mais 20 vítimas mortais do que no pior dia em óbitos até agora (13 de dezembro) e mais 149 casos do que no último máximo registado (6 de janeiro). Mais: em apenas três dias, Portugal registou 30.130 casos, ou seja, quase tantos casos como os 30.359 notificados ao longo de todo o verão passado, entre 21 de junho e 21 de setembro.
Aliás, somando todos os novos casos registados entre 5 e 8 de janeiro, Portugal ultrapassa o total de novos casos notificados na primeira vaga, entre 02 de março e 31 de maio. O número de mortes também regista um marco histórico: Portugal ultrapassou os 7.500 óbitos por Covid-19. São agora 7.590 as vítimas mortais da doença provocada pelo novo coronavírus.
Número de internamentos é o pior de sempre. UCI iguala o dia mais crítico
O número de internados por Covid-19 nas unidades de cuidados intensivos igualou o máximo atingido até agora: são 536, tal como a 29 de novembro. Mas o número de internamentos gerais atingiu valores recorde: há 3.451 pessoas internadas, mais 84 do que a 7 de dezembro. Estes números transparecem a pressão crescente que a pandemia de Covid-19 está a exercer no Serviço Nacional de Saúde. Os internamentos gerais estão a subir há oito dias consecutivos e os doentes em UCI não param de aumentar há nove.
O número de casos ativos de infeção pelo novo coronavírus é agora de 98.938, mais 5.578 do que na última atualização da Direção-Geral da Saúde. Este é o maior número de casos ativos de sempre, ultrapassando em mais de 10 mil os que tinham sido registados no pior dia até agora, a 15 de novembro. O boletim revela ainda que 4.480 pessoas foram dadas como recuperadas da infeção pelo SARS-CoV-2.
Lisboa e Vale do Tejo é de longe a região que mais preocupações concentra neste momento: tem mais 4.291 casos notificados, o que representa quase metade (42,6%) de todos os infetados identificados nas últimas 24 horas. A região Norte registou mais 2.969 casos (29,2%) e a região Centro, a terceira mais atingida, mais 1.963 (19,3%). Seguem-se o Alentejo (433), o Algarve (400), a Madeira (65) e os Açores (55).
Também é Lisboa e Vale do Tejo que regista o maior número de mortes por Covid-19: foram 44 na última quinta-feira, ou seja, 37,3% do total. No Norte, houve 34 vítimas mortais, o que representa 28,8% das fatalidades registadas nas últimas 24 horas. A região Centro teve mais 26 vítimas mortais, o Alentejo mais nove, o Algarve outras três e a Madeira mais duas mortes.
Cinco pessoas na casa dos 40 anos entre as mortes por Covid-19
Cinco das 118 pessoas que morreram por Covid-19 ao longo da última quinta-feira tinham entre 40 e 49 anos. Quatro tinham entre 50 e 59 anos; e seis entre 60 e 69 anos. Mas as faixas etárias mais avançadas continuam a ser as mais atingidas: 25 das vítimas mortais estavam na casa dos 70 anos; e 78 (ou seja, mais de metade do total) tinham 80 anos ou mais.
Há mais homens do que mulheres entre as vítimas mortais da Covid-19 no último balanço das autoridades de saúde: 64 são do sexo masculino e 54 são do sexo feminino. Aliás, acontece o mesmo no que diz respeito ao número de casos: 7.783 são homens e 6.449 são mulheres.
A maior parte dos novos casos está concentrada na faixa etária dos 20 aos 29 anos, que engloba 1.632 dos infetados notificadas nas últimas 24 horas. São 16% do total de novos casos, uma percentagem baixa mas só porque todas as faixas etárias entre os 20 e os 59 anos têm números semelhantes de novos casos.
Contas feitas, houve mais 1.595 com 40-49 anos, 1.491 com 30-39 anos e 1.474 com 50-59 anos. Registaram-se ainda mais 1.013 infetados entre os 10 e os 19 anos e 1.036 na faixa dos 60-69 anos. Abaixo do limiar dos 1.000 novos casos estão as faixas etárias dos 80 anos ou mais (784), dos 70-79 anos (636) e das crianças com até nove anos (515).