A campanha presidencial entrou esta quarta-feira no debate parlamentar quando o PS assinalou os 25 anos da criação do Rendimento Mínimo Garantido, hoje RSI, e criticou os “populistas” que utilizam esta prestação social para atacar a comunidade cigana.
O deputado Tiago Barbosa Ribeiro, do PS, fez uma declaração política em que lembrou ter sido o ex-ministro Ferro Rodrigues, hoje presidente do parlamento, a criar esta prestação social, hoje Rendimento Social de Inserção (RSI), que “não é uma esmola nem cria ‘subsídio-dependentes'”, contrariando o discurso de políticos como André Ventura, líder do Chega, deputado e candidato presidencial.
O RSI abrangeu 267 mil beneficiários em 2019, ano pré-pandemia. Desses, 34% eram crianças, jovens e idosos, e menos de 6% representavam beneficiários da comunidade cigana que os extremistas querem hoje transformar num alvo de raiva social”, disse.
E prometeu combater “esses populistas olhos nos olhos com verdade, valores e princípios, especialmente quando mandam os outros trabalhar e deixam a sua cadeira vazia nesta Assembleia da República”, afirmou, numa referência a Ventura, sem nunca o mencionar pelo nome, quando mandou “trabalhar” manifestantes ciganos numa ação de campanha em Serpa, Beja.
Para o deputado Barbosa Ribeiro, esta prestação “foi uma das formas mais eficazes de combate à pobreza infantil e, em conjunto com o aumento do abono de família, permitiu reduzir a taxa de risco da pobreza infantil em quase 4 pontos percentuais desde 2015″.
José Soeiro, do BE, argumentou que, nesta questão do RSI e da sua utilização pelos populistas, é preciso “desmontar os mitos”, dado que pressupõem o cumprimento de deveres, como ter os filhos na escola, e contrapôs com o valor desta prestação: “Ninguém vive folgadamente com 119 euros por mês.”
No domingo, o candidato presidencial do Chega mandou “trabalhar” dezenas que pessoas que se manifestavam contra a sua presença em Serpa, Beja, antes do primeiro comício da campanha oficial.
Vão trabalhar, trabalhar!”, gritou André Ventura, em direção aos manifestantes, a maioria de etnia cigana e com cartazes antifascistas, ladeado por seguranças e com meia-hora de atraso face ao previsto.
O líder e deputado do Chega chegou a defender, no início da pandemia, em março de 2020, um plano específico de “abordagem e confinamento” para as comunidades ciganas, e nos debates televisivos tem-nas acusado de viverem “à custa” do RSI.