Num dia tão importante como a tomada de posse, um novo presidente dos Estados Unidos não pode deixar nada ao acaso, nem mesmo o guarda-roupa. Na próxima quarta-feira, tudo terá um significado, até mesmo o fato que Joe Biden usará enquanto jura com a mão sobre a bíblia. Segundo avança a publicação de moda WWD, a escolha já está feita — será Ralph Lauren, designer cuja história se confunde com a do próprio pronto a vestir americano, a assegurar o look de Biden no seu primeiro dia como presidente.
Embora tenha uma vasta equipa de apoio, a mesma publicação indica que tem sido o próprio criador de 81 anos (três anos mais velho que o presidente eleito) a trabalhar diretamente com Joe na conceção das peças. À medida, o fato estará a ser confecionado em Rochester, Nova Iorque, na mesma fábrica de onde saem as peças de alfaiataria da centenária Hickey Freeman.
É uma marca familiar para Biden, de 78 anos, que já apareceu publicamente com o famoso polo Ralph Lauren, incluindo durante a campanha eleitoral. Para o criador de moda, as tomadas de posse também não são novidade. Em 2017, vestiu Melania Trump com um conjunto de vestido, jaqueta e luvas que deixou no ar um aroma a Jackie O. Curiosamente, na mesma cerimónia, Ralph Lauren foi ainda responsável por vestir de branco a ex-candidata democrata Hillary Clinton.
O que vai vestir Jill Biden? Venham as apostas
A responsabilidade da primeira-dama num evento como este não é menor. Ao longo dos anos, a escolha do designer que veste a mulher do presidente na chamada inauguration é vista como uma mensagem e um posicionamento para os anos vindouros — as opções inesperadas de Michelle Obama, a aposta segura e extremamente americana de Melania, para citar as mais recentes.
Contudo, a de Jill Biden continua a ser do desconhecimento público, o que não invalida que se reúnam alguns palpites. Uma coisa é certa: a simplicidade terá de estar entre os ingredientes da indumentária. Com duas crises simultâneas — a sanitária e a económica –, no contexto adverso que o país atravessa, seria de mau tom preterir a sobriedade à exuberância.
Naturalmente, a nova primeira-dama dos Estados Unidos prima por um estilo clássico. Os seus visuais ao longo da jornada eleitoral podem ser apontados como pouco surpreendentes, reflexo de uma relação algo distante com a moda. Jill Biden não é uma fashionista e a sua abordagem aos contextos formais em que se move tem-na levado a fazer escolhas seguras.
Para o grande dia, o Telegraph aponta Gabriela Hearst, designer norte-americana de origem uruguaia, no topo da lista de prováveis nomes. Uma mulher, cuja marca é fortemente comprometida com parâmetros éticos e ambientais, parece bastante alinhada com as bandeiras da candidatura de Biden e com as causas a que Jill se tem associado durante a campanha. Além disso, já foi um nome estrategicamente escolhido no passado, para o primeiro debate presidencial, a 29 de setembro.
Tory Burch, outra mulher de sucesso no mundo da moda, chegou a desenhar algumas peças para Michelle Obama. Já o nova-iorquino Christian Siriano surge como possível candidato a assinar o modelo da tomada de posse, não só por ter sido dos primeiros a abraçar valores como a diversidade racial e de corpos, mas também porque, com a chegada da pandemia ao país, apoiou vários trabalhadores essenciais através da confeção de máscaras de segurança. Muito provavelmente, na próxima quarta-feira, Jill Biden vai querer usar uma a combinar com o vestido.
Outro dos nomes unanimemente sugeridos é Oscar de la Renta, não tanto pelo peso que assumiu em tempos no guarda-roupa da primeira-dama, mas sobretudo pela mensagem de união e diversidade que a campanha Biden-Harris tem apregoado. No comando da marca está uma dupla de jovens criadores: Laura Kim e Fernando Garcia, nascidos na Coreia do Sul e de Porto Rico, respetivamente.
Mas parece que o casal Biden terá de abdicar da parte mais glamorosa da tradição presidencial. O habitual baile não poderá acontecer, pelo menos não da forma a que a grande noite após a tomada de posse se costuma desenrolar. Joe e Jill poderão, ainda assim, brindar o mundo com uma dança. Nesse caso, as preocupações com o que vestir são redobradas.