O apelo é forte, mas ainda sem o drama de um SNS em rutura, ainda que o candidato-Presidente tenha visto as imagens de filas de ambulâncias à porta de alguns hospitais na última noite, nomeadamente no Hospital de Torres Vedras. Marcelo Rebelo de Sousa não quer “dramatizar artificialmente a situação porque tem havido capacidade de resposta“. Mas avisa os portugueses que este confinamento é “para levar a sério” e não de forma “leve e suave”, caso contrário o sistema pode ficar em risco.

O apelo vem para que sejam evitadas “situações de stress de ambulâncias à espera à porta do hospital e da necessidade de transferência para unidades de recuo”, aponta Marcelo que diz, no entanto, que “uma coisa é haver números destes duas ou três semanas, outra coisa é haver durante dois meses e isso depende da ajuda as pessoas em termos de confinamento”. Defende os responsáveis políticos, afirmando apenas que “devem insistir mais e passar melhor a mensagem”, já para os portugueses, o apelo é mais grave: para que “levem a sério este confinamento”.

“Temos de passar o mais rápido possível de dez mil casos diários para 4 ou 5 mil”, atirou à porta da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro, onde esteve mais de uma hora reunido em privado com os responsáveis, numa sala ampla com distanciamento e máscaras de proteção elevada. Aliás, antes de entrar e ao reparar que os seus interlocutores estavam todos com máscaras FP-2, o Presidente hesitou e disse que ia buscar uma igual ao carro, mas a provedora da Santa Casa deu-lhe uma e a reunião começou. Ali já houve surto, em agosto, mas agora não há nada, pelo que Marcelo espera que os 257 utentes daquele lar possam ser vacinados rapidamente.

Mas Marcelo está preocupado com os números, porque mais do que uma vez, durante 20 minutos de declarações aos jornalistas, falou na suavidade dos portugueses. “Não é demais apelar a todos para que não venham este estado de emergência e confinamento como suave, leve ou facultativo ou que não é para levar a sério”. Para o candidato que anda em função mista (é também Presidente nestes apelos e responsável pela clareza das medidas) esse comportamento “tem consequências”, sendo a primeira “o aumento da pressão sobre as estruturas de saúde” e a segunda é o prolongamento destas restrições.

Não discorda das medidas tomadas, nem que há exceções a mais. “Não é exceções a mais se as pessoas não interpretarem com latitude excessiva as exceções”, considera apontando o dedo aos que “andam sem máscara nos passeios higiénicos”.

As imagens fortes de um SNS com filas à porta fizeram ainda o candidato que também é Presidente garantir, ali mesmo à porta da Santa Casa do Barreiro, que os setores social e privado estão a colaborar com o SNS. Assegurou ainda que no casos concreto do Hospital de Torres Vedras — onde a par com Viana reconhece existir “multiplicação de casos a provocar stress nas estruturas sanitárias” — “houve reuniões do SNS e também do SNS com os setores social e provado nos últimos dias e a Misericórdia está a envidar todos os esforços para apoiar o SNS”. Ainda assim, Marcelo também diz que “as próximas semanas vão ser muito exigentes em termo de números de casos, de mortos e, na ótica do SNS, em números de internados e de internados em cuidados intensivos”. Esteve nas instalações do Barreiro como candidato, mas quando fala é mais Presidente do que competidor na estrada eleitoral.

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