A vacinação dos profissionais e residentes em lares, bem como em estruturas da rede nacional de cuidados continuados integrados, fica concluída esta semana conforme o plano de vacinação desenhado pelo Governo. A esta garantia de Marta Temido seguiu-se uma outra: a vacinação dos titulares de órgãos de soberania começa na próxima semana.

“Seguidamente, iremos avançar para a vacinação dos outros serviços essenciais, como tínhamos previsto: profissionais de emergência pré-hospitalar, designadamente bombeiros, profissionais de serviços essenciais, forças de segurança e, entre eles, titulares de órgãos de soberania. Iniciarão a sua vacinação a partir da semana que vem”, garantiu em declarações aos jornalistas, após uma reunião com a Task-Force do Plano de Vacinação contra a Covid-19.

Os autarcas vão também estar envolvidos no lote de titulares de órgãos de soberania a vacinar já na próxima semana, não se restringindo aos cargos mais altos do país, como o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República ou o primeiro-ministro.

“Os presidentes das câmaras municipais são também as autoridades municipais de proteção civil. Isso confere-lhes uma circunstância de essencialidade para a resposta à Covid-19 e, naturalmente, isso será tido em consideração. Estão a ser agora feitos os contactos no sentido da identificação exata dos indivíduos para que possam começar a ser identificados esta semana e vacinados no início da semana que vem”, acrescentou.

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Arranca também vacinação de pessoas com mais de 50 anos e doenças associadas

Na semana que vem vai ainda ser iniciada a vacinação de pessoas com mais de 50 anos e com pelo menos uma das comorbilidades identificadas como sendo de risco para o internamento por Covid-19 ou associadas a um “desfecho fatal” face à Covid-19. Marta Temido aproveitou para lembrar as comorbilidades em causa: doença coronária, insuficiência cardíaca, insuficiência renal ou doença pulmonar obstrutiva crónica, o que diz respeito a um universo de cerca de meio milhão de pessoas.

À saída de mais uma reunião, a ministra da Saúde referiu também o objetivo de acelerar o ritmo da vacinação contra a Covid-19 no espaço europeu, concretamente tendo como objetivo “que até março de 2021 todos os estados-membros tenham vacinado pelo menos 80% dos profissionais de saúde e de ação social e também pelo menos 80% das pessoas com mais de 80 anos”. A atualização do plano de vacinação acontece “no decurso desta semana”, de maneira “a ter este novo grupo que acresce aos que já estavam definidos”.

“Estimamos que até ao final deste mês estejam vacinados cerca de 100 mil profissionais de saúde”

Portugal recebeu uma nova entrega de vacina contra a Covid-19 da  Pfizer e da BioNTech – foram 99.450 doses, anunciou Marta Temido esta segunda-feira. O país já recebeu, ao todo, cerca de 411.600 doses de vacina, distribuídas entre o continente, Açores e Madeira, e que correspondem às vacinas das duas companhias farmacêuticas: Pfizer e Moderna. Até às 19h do dia 24 de janeiro, tinham sido realizadas cerca 255.700 mil inoculações de vacinas.

“Estimamos que até ao final deste mês estejam vacinados cerca de 100 mil profissionais de saúde”, disse a ministra da Saúde, referindo-se a profissionais prioritários do SNS, do INEM e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, dos serviços de saúde dos estabelecimentos profissionais, entre outros, mas também de hospitais do sector privado e social que estejam a receber doentes Covid-19 em colaboração com SNS.  Até ao dia 25 de janeiro foram vacinados cerca de 160 mil pessoas profissionais e residentes em estruturas residenciais para idosos e estruturas da rede nacional de cuidados continuados integrados.

Questionada sobre os relatos de vacinas desviadas, Temido assegurou que foram discutidos mecanismos na reunião de hoje “para a avaliação de situações de desvio”. Mecanismos esses que vão garantir que estas situações sejam “evitadas” e que, acontecendo, “são objeto de censura caso se constate que correspondem a situações de vacinação indevida”. “Mais que tudo, é a censura social que deverá prevalecer.”

“Portugal continua a fazer os 21 dias de intervalo entre as tomas” da vacina

Tendo em conta as dúvidas que têm sido colocadas a propósito do cumprimento do 21.º dia entre as duas doses da vacina, Marta Temido afirmou que a Pfizer “refere especificamente que a segunda dose deve ser feita a partir do 21.º dia”. Sublinhando ainda os ensaios clínicos conhecidos, que falam num intervalo entre 19 e 42 dias, e que alguns países “estão a usar intervalos superiores aos 21 dias”, a ministra assegurou que o país “continua a fazer os 21 dias de intervalo entre as tomas”.

“Pedimos avaliação à EMA [Agência Europeia do Medicamento] para apreciação deste tema, ainda não temos uma recomendação”, continuou, admitindo manter “aquilo que é a observância da informação que consta no resumo das características do medicamento”.

Situação de sobre-esforço nos hospitais do SNS é “real, evidente e preocupante”

A situação de sobre-esforço nos hospitais do SNS é “real, evidente e preocupante”, disse ainda Temido, não ignorando as notícias que têm marcado a atualidade, com vários hospitais, sobretudo na região de Lisboa e Vale do Tejo, a acusar pressão máxima ao nível do internamento. Temido garantiu que o ministério da Saúde tem acompanhado diariamente a capacidade dos hospitais: “Continuamos a procurar o alargamento de respostas”, mas isso “não invalida o que é a elevada pressão e preocupação que todos os profissionais e estruturas hospitalares têm mostrado nos últimos dias”.

“Os hospitais escalaram ao máximo os planos de contingência e ultrapassaram muito esses planos. Temos de continuar a aumentar este esforço e fazer a afetação de recursos à resposta Covid-19”, disse ainda.

Continuamos a trabalhar com outros operadores no sentido de melhorar as respostas”, continuou, referindo-se às instituições dos grupos privados, concretamente na zona de LVT, que estão a trabalhar com o ministério no sentido de abrir mais camas daquelas que tinham inicialmente convencionado, incluindo camas de cuidados intensivos.

“Continuamos a trabalhar numa melhor gestão daquilo que são os internamentos e de um encaminhamento eficiente dos doentes que estão internados em hospitais para outras respostas, sejam as estruturas de retaguarda, sejam os próprios domicílios. (…) Neste momento precisamos do esforço de todos durante mais 10 dias.”