Francisco Rodrigues dos Santos vai vender cara a derrota. Apesar de ter perdido apoios importantes ao longo do dia, e de ter visto várias personalidades do partido a dizerem que não tinha condições para continuar, o líder do CDS decidiu não apresentar para já a demissão e também não mostrou abertura para convocar por iniciativa própria um congresso extraordinário.

Segundo apurou o Observador, a informação foi avançada pelo próprio na reunião da Comissão Política Nacional do partido, que decorreu esta noite. Francisco Rodrigues dos Santos fez a defesa da sua liderança, criticou os que o querem derrubar e não deu sinais de querer deixar a presidência do partido sem ir a jogo.

Para já, o líder do CDS aceitou o desafio de Adolfo Mesquita Nunes e vai convocar um Conselho Nacional, órgão máximo entre congressos, para discutir o tema.

Ainda assim, Rodrigues dos Santos quer manter os prazos previstos e terminar o mandato: “Não se prevê que haja uma antecipação do calendário. No final de janeiro de 2022 faremos um balanço do nosso mandato e tiraremos as nossas conclusões”, disse.

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Na sua intervenção inicial, Francisco Rodrigues dos Santos defendeu os méritos da sua liderança e defendeu que “não aconteceu nenhuma fatalidade ao nosso partido para se interromper o mandato“.

Numa reunião que decorreu por videoconferência, descrita ao Observador por fontes que participaram no encontro como muito dura, o líder do CDS teceu muitas críticas àqueles que sempre tiveram como primeiro e único objetivo organizar “golpadas” assim que o momento fosse o mais certo.

Francisco Rodrigues dos Santos descreveu muitos dos críticos internos como rostos do passado e justificou parte da dificuldade de afirmação do insucesso do partido com a não renovação de quadros.

Não ficou sozinho nas críticas. Francisco Camelo de Almeida, irmão de Raúl Almeida, dirigente que apresentou esta quinta-feira a demissão, falou num “boicote completo ao presidente do partido, referindo-se aos artigos de Adolfo Mesquita Nunes e João Gonçalves Pereira, deputado e líder distrital do CDS/Lisboa, e às intervenções públicas de João Almeida e de Nuno Melo.  “Temos de afastar esta gente ou colocá-los no devido lugar”, sugeriu.

Entre os membros da Comissão Política Nacional do CDS, que funciona como direção alargada do partido e é maioritariamente a favor do líder do partido, houve várias vozes a criticarem a ideia de um congresso neste momento tão sensível do ponto de vista da saúde pública e também político — o partido está a um ano de enfrentar umas autárquicas que poderão ser decisivas para a sobrevivência do CDS.

Resta saber o que vai acontecer quando o tema for discutido no Conselho Nacional, órgão máximo do partido entre congressos e que tem a competência para convocar eleições. Até esta quinta-feira, Francisco Rodrigues do Santos tinha uma maioria confortável no Conselho Nacional. Depois das demissões de Filipe Lobo D’Ávila e outros dois dirigentes do partido, importantes para a estabilidade da atual direção, não é ainda certo para que lado poderá pender a balança.