A digestão das eleições Presidenciais está feita e a Iniciativa Liberal já tem os olhos postos no futuro, até porque os resultados conseguidos estiveram “muito em linha” com os esperados e o partido já está a montar uma “estratégica autárquica” que tem como linha principal ir “sozinho a todas as eleições locais” a que concorrer, mas que abre a porta a exceções. O presidente da IL, João Cotrim Figueiredo, admite ao Observador que estão a ser preparadas candidaturas da Iniciativa Liberal entre 40 a 50 concelhos — o que corresponde ao número de núcleos criados — e “cabem no dedo de uma mão e talvez sobrem” os concelhos em que haverá acordos pré-eleitorais.

As exceções prendem-se com duas formas de olhar para cada concelho: “Existir alguém independente ou ligado a outros partidos que tenha uma visão verdadeiramente liberal” ou um caso “em que seja possível acabar com a hegemonia de alguma força política que seja manifestamente pouco liberal”. O Porto pode encaixar-se no primeiro caso. Cotrim Figueiredo refere que é um sítio “onde a força da Iniciativa Liberal pode ajudar qualquer candidatura” e, nesse caso em específico, Cotrim Figueiredo diz que o partido está “disponível para ouvir”, mas “não comprometido com nenhuma resposta”.

Fonte da Iniciativa Liberal ouvida pelo Observador vai mais longe e diz que, sendo que Rui Moreira já está num segundo mandato e preside uma câmara onde “há muitos membros e simpatizantes que estão envolvidos no movimento liberal”, há a “possibilidade de pessoas da IL estarem integradas na lista de Rui Moreira”. Sem a certeza de que Tiago Mayan Gonçalves será um dos nomes escolhidos para o Porto, João Cotrim Figueiredo refere que o candidato à Presidência da República “provou que é um bom ativo político” e “não seria inteligente da parte da IL não aproveitar esse ativo político”, falta apenas decidir “em que batalhas”. Mayan Gonçalves não recusa um novo desafio eleitoral, mas aguarda para perceber qual vai ser a opção do núcleo do Porto e do atual presidente da Câmara do Porto, que ainda não anunciou uma recandidatura.

Tiago Mayan Gonçalves conhece Rui Moreira há vários anos, fez parte do movimento que, em 2013, elegeu o independente para a Câmara do Porto e, na campanha eleitoral, até tiveram um encontro à porta fechada. Mais do que isso: no final, Mayan apostou que tinha o voto de Rui Moreira e garantiu que o autarca encarna “muitos dos valores liberais ao estilo portuense, ao estilo clássico”. Se se encontram ou não nas próximas eleições ainda é uma incógnita, certo é que a Iniciativa Liberal deixa a porta aberta a um entendimento no Porto com Moreira, o que recusa noutros locais do país.

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É o caso de Lisboa, em que já está a ser preparada uma candidatura liberal, há nomes em cima da mesa e, assegura Cotrim Figueiredo, existe disponibilidade “para ouvir, mas é mais difícil haver entendimentos pré-eleitorais”. Na visão da IL, o primeiro objetivo assenta numa “qualquer alternativa que retire a presidência da câmara a Fernando Medina” e essa estratégia “vai ter de ser baseada em alguém que é partidário”. Fonte do partido disse ainda ao Observador que em Lisboa a candidatura deve implicar “novos rostos”, como tem vindo a acontecer com o partido, e não políticos conhecidos, “independentemente de serem membros do partido ou virem de fora”.

Neste momento, a Iniciativa Liberal está ainda a decidir a quantos concelhos consegue candidatar-se com “qualidade, com bons candidatos e a possibilidade de ter um programa marcadamente liberal”. Com a consciência de que o partido tem “crescido muito” e que “quem não vai a todos os concelhos não pode aspirar a ter percentagens ao mesmo nível do que teve numas Presidenciais”, o objetivo é apresentar candidatos entre 40 a 50 concelhos, os locais onde existem núcleos da Iniciativa Liberal.

João Cotrim Figueiredo revelou que “não houve qualquer contacto” por parte do PSD e CDS sobre o acordo para coligações autárquicas e deixou claro que, mesmo se tivesse havido, a resposta seria que “a estratégia é ir sozinho”. Fonte da Iniciativa Liberal confirmou que tem havido contactos apenas a nível local, quer de partidos, quer de movimentos independentes, e “sobretudo muito ligados ao PSD”. Há também casos de coligações locais entre PSD e CDS. As decisões vão ser tomadas “caso a caso”.

Mais tarde, e em função dos resultados, o presidente da Iniciativa Liberal diz ainda que podem existir “alinhamentos” já que a presença nas eleições não é para “conseguir mandatos e não os exercer”. Os Açores são um “bom exemplo” dessa estratégia, onde houve “influência eleitoral” e “esse poder foi usado para tornar o programa mais liberal”, com a introdução de medidas no programa do PSD através de um entendimento.